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Juliana Borges é escritora, pisciana, antipunitivista, fã de Beyoncé, Miles Davis, Nina Simone e Rolling Stones. Quer ser antropóloga um dia. É autora do livro “Encarceramento em massa”, da Coleção Feminismos Plurais.
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Diário de uma “Cristinder”

A escritora Juliana Borges fala de uma das suas distrações preferidas no distanciamento social: as lives da cantora Teresa Cristina

Por Juliana Borges
Atualizado em 27 abr 2020, 21h01 - Publicado em 27 abr 2020, 20h39

São Paulo, 27 de abril de 2020

Mil desculpas. Ontem, fui arrebatada pela Antropologia e pelo Perspectivismo Ameríndio. Conhecem? Eu ainda não falei aqui do meu amor pela Antropologia. Não é só mera paixão, já deixou de ser pura luxúria. É amor verdadeiro, perene, companheiro. E como todo amor para a vida inteira, não é pura calmaria, tem seus tensionamentos, muitas vezes me deixa reflexiva e, algumas vezes, me deixa melancólica. E foi o que aconteceu ontem. Prometo que a gente fala disso uma outra hora. Porque, hoje, esse diário é pura homenagem.

Desde o começo do isolamento social, a gente tem visto vários artistas, intelectuais, treinadores, professores de yoga e toda uma gama de pessoas usando e abusando das lives. Essa ferramenta do Instagram já foi motivo de textão de reclamação por como ela se multiplicou, mas parece ter mais adeptos a cada dia. A gente tem discutido de tudo pelas lives, interagido de diversos modos. Acho que já falei que um dos meus músicos argentinos favoritos faz lives só trocando músicas, enquanto interage no chat; tem gente que faz live e perde a linha, tem divas que fazem lives de pijama.

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Uma live só pra Gal foi muito pouco! Ontem foi mágico! Sobraram canções e vou continuar hoje à noite. Venham! #cristiners #cristinder

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Uma das lives que mais me apaixonei é da Teresa Cristina. A live de ontem foi inteira dedicada à Gal Costa e me fez chorar diversas vezes. Teresa Cristina é uma das maiores cantoras brasileiras. A primeira vez que tive contato com sua voz foi em uma roda de samba no gramadão da faculdade, em 2004. No intervalo da batucada, sambas clássicos ficavam tocando, enquanto a gente se enfileirava para refrescar a garganta. E daí surgiu a voz de Teresa Cristina, acompanhada do Grupo Semente, cantando mais ou menos baixinho e assim “Lá no alto a cachoeira/ vem descendo a ribanceira/ Num roncar que não tem fim/ Curso d’água é quem me guia/ Canto a dor e a alegria/ A vida me fez assim.” E pronto. Lá estava eu querendo saber tudo sobre ela. A sorte de ter um amigo que foi um bom guia, fez iniciar um acompanhamento, nem sempre tão constante, de sua carreira, mas sempre com muito respeito e admiração pela sua voz e seu compromisso com o samba. Ao crescer em uma casa em que samba era música tão reverenciada que sempre se tocavam os clássicos aos finais de semana, a gente fica sempre tocada quando vê pessoa, ser de luz mesmo, que divulga, fortalece e contribui com o samba de modo tão mágico como Teresa Cristina.

Para não esquecer, ainda com a identificação diante de Teresa Cristina ao ver o Rei Roberto Carlos em um desfile na Marques de Sapucaí. Entendi demais. Já que durante minha infância, em casa, era o combo: Samba e Roberto Carlos aos sábados.

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Nas lives de Teresa Cristina, a gente canta, se identifica, dá gargalhadas, compartilha, pede música, manda muito coração para ela, vê pura verdade. Nas lives da Teresa, porque eu já a considero íntima, já que é tradição das noites e madrugadas, a gente chora e fica memória pura com as homenagens que ela já fez, aos prantos de emoção, para a Portela e Paulinho da Viola, Nelson Cavaquinho, Gonzaguinha, Belchior (nesse dia, em específico, eu precisei deixar a garrafa de vinho ao meu lado para acompanhar as lágrimas) e tantos outros. Nas lives da Teresa, a gente também troca sobre família (um beijo para a mãe de Teresa Cristina, Dona Hilda Gomes Macedo!), sobre esses tempos de quarentena, sobre política. Como a cantora já disse em diversas oportunidades, se posicionar é um dever. Sempre.

As lives da Teresa são tão acolhedoras, que até interações mais afetivas, por dizer assim, já acontecem entre os que acompanham. “Cristinder” já virou uma alcunha para os seus lovers. Eu as assisto e todos os dias e renovo meu amor e admiração por essa gigante da música brasileira. Só gratidão por essa empatia imensa e por essa troca tão linda nas madrugadas.

E, se você ainda não assistiu, está perdendo. Separa a sua cervejinha com amendoim, ou seu vinhozinho com queijo, se achegue. Ser cristinder é só amor!

Acompanhe o “Diário De Uma Quarentener”:

01/04 – A rotina do isolamento de Juliana Borges no “Diário De Uma Quarentener”

02/04 – O manual de sobrevivência de uma quarentener

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03/04 – Permita-se viver “o nada” na quarentena sem culpa

06/04 – O que a gente come tem algo a ver com as pandemias?

07/04 – As periferias e as mobilizações na pandemia

08/04 – Um exemplo de despreparo em uma pandemia

09/04 – Como perder a noção do tempo sem esquecer a gravidade dos tempos

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10/04 – Não é hora de afrouxarmos o distanciamento. Se você pode, fique em casa!

11/04 – 3 filmes para refletir sobre a pandemia da Covid-19

12/04 – Nesta Páscoa, carrego muitas saudades. Hoje, minha mãe completaria 54 anos

13/04 – Obrigada, Moraes Moreira!

14/04- E aí, quais são as lives da semana?

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15/04 – Como praticar autocuidado radical?

16/04 – #TBT da saudade do mar 

17/04 – Precisamos falar sobre a pandemia e violência contra as mulheres

18/04 – Mulheres na política fazem a diferença também no combate à pandemia

19/04 – Quem cuida de quem cuida?

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20/04 – Tempos difíceis

21/04 – Viva Hilda Hilst!

22/04 – Dia da Terra e o futuro da humanidade

23/04 – Dia do Livro e a menina que amava livros

24/04 – O País está de  ponta-cabeça

25/04 – A louca da cozinha

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