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Amor, estranho amor

"O pior é que ele não falava o que tinha acontecido. Eu fazia de tudo para entender, mas era uma busca solitária"

Por Liliane Prata Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 30 jun 2017, 18h13 - Publicado em 30 jun 2017, 13h47

Eu estava muito segura em relação ao que sentíamos um pelo outro, eu estava certa de estávamos construindo algo muito bonito e muito original. Não que a convivência fosse simples, mas estava melhorando. O problema mais grave era que ele fazia tudo do jeito dele, não havia a menor possibilidade de um diálogo real. E, logo no início, ficou claro que eu faria mais por ele do que ele por mim. Quer dizer, ele era amoroso, mas só quando ele queria. Várias vezes eu o procurei quando ele não estava interessado e, nesse caso, ele não se importava em fingir: simplesmente me esnobava. Mas, de certa forma, eu via autenticidade naquele comportamento, eu entendia que era o jeito dele, que era só uma questão de ajustar minhas expectativas, então fui levando. Até que precisei fazer uma viagem de duas semanas.

Entrei no avião certa dos sentimentos que ele tinha por mim. Ele não falava que me amava, mas eu sabia, podem acreditar. Eu sei que é um clichê falar que os olhos dele me diziam isso, mas era isso que acontecia. Acima de tudo: eu sei o que é ser amada, e eu era. Então, vocês imaginam como fiquei quando voltei de viagem e fui recebida com total frieza. Já falei que ele só era amoroso quando queria, mas foi bem mais do que isso: era como se eu não existisse.

O pior é que ele não falava o que tinha acontecido. Eu fazia de tudo para entender, mas era uma busca solitária: ele não dava a mínima para o meu desespero. Sim, foi virando um desespero. Porque, para me tratar daquele jeito, depois de apenas duas semanas sem nos vermos, talvez ele não gostasse de mim como eu imaginava. Puxa, mas eu tinha entrado no avião com tanta certeza… Até que ponto eu podia confiar nas minhas próprias percepções?

Era preciso admitir: eu havia idealizado aquela relação. Não foi fácil reconhecer isso, porque, antes de eu me encantar por ele, eu estava numa fase da minha vida muito pé no chão, muito decidida a viver menos na chave da idealização e mais na chave da experiência. E, no entanto, lá estava eu, percebendo que tinha, sim, idealizado. Mais uma vez.

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– Você está exagerando – uma amiga me disse, quando contei a ela que, no fundo, não só ele nunca havia me amado, como o amor que eu julgava sentir não tinha passado de uma projeção.
– O pior é que não estou. Já voltei de viagem faz três dias e ele ainda tá me esnobando, como se eu não pudesse viajar, como se eu não pudesse ter minha vida. Isso é coisa de quem ama? É?
– Amiga, você tá levando essa esnobada dele muito a sério… Lembre-se, ele é um gato. Gatos fazem essas coisas.
– Eu sei, eu sei – digo, aproveitando para encher o potinho dele com a ração, meus olhos cheios d´água. – Eu só queria que ele voltasse a ficar amoroso comigo como ele era antes da viagem.
– Ele vai ficar, ele só precisa de um tempo, você vai ver.

E então, completamente alheio à nossa conversa, ele entrou na área de serviço e foi direto para o potinho de ração, sem nem parar no caminho para pedir um carinho para mim, como fazia antes. Ele comeu em silêncio, suspirei e fui fazer um café.

Liliane Prata é editora de comportamento de CLAUDIA e escreve semanalmente aqui no site. Para falar com ela, mande um e-mail para liliane.prata@abril.com.br

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