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Por Cultura
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Mãe!: um filme pra ver e conversar

Mãe! tem despertado movimentos de amor e ódio, mas é um filme que retrata perfeitamente o mundo confuso e violento que vivemos

Por Isabella D'Ercole Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
13 out 2017, 11h36

Muito antes de Mãe! chegar aos cinemas, ouvi um monte de gente colocando defeitos no filme.”Jennifer Lawrence é muito chata, ninguém aguenta mais ela”, “Ela é nova demais para o papel”, “É um terror barato”. E aí Mãe! estreou, com uma urgência de fazer filas nas salas do mundo todo. Muitos gostaram, outros odiaram, mas o fato é que ninguém conseguiu não falar do filme de Darren Aronofsky (o mesmo diretor de Cisne Negro). Até Martin Scorsese, de O Lobo de Wall Street, admitiu que o filme ainda o impacta, mesmo semanas após ter assistido. A seguir vai a minha tentativa de responder a seguinte pergunta: vale assistir?

(Divulgação/CLAUDIA)

Mãe! apresenta uma analogia bem inteligente e confunde sobre o que é real e o que é fantasia. Sem dar spoilers mas só para apresentar uma ideia geral do que fala a história: Jennifer Lawrence é casada com Javier Bardem, um poeta famoso, que não consegue mais produzir arte. Para estimulá-lo, ela reconstrói a casa que ele supostamente viu ser destruída por um incêndio na sua infância. A devoção de Jennifer é doentia. Só que isso só é percebido depois, quando novos personagens começam a aparecer na história – destaque para Michelle Pfeiffer, absolutamente brilhante.

Jennifer é uma mulher frágil, submissa e eu passei o filme inteiro esperando ela estourar. A verdade é que se fosse comigo, eu teria gritado logo nos 30 primeiros minutos e fiquei me contorcendo na cadeira de angústia por ela. Ela e a casa são um só organismo, ambas vivendo por Bardem. E é por isso que, quando tudo começa a dar errado, a casa também vai se despedaçando. Ela sente o coração da casa parar de bater, assim como o dela.

(Divulgação/CLAUDIA)

Os personagens do roteiro, escrito por Aronofsky em cinco dias, como ele contou para uma revista americana, são retirados da Bíblia, do mundo conflituoso que vivemos hoje, das histórias que conhecemos, comuns a todos nós. É por isso que nem nome eles têm. Uma hora, Jennifer, deslumbrante, grávida de 9 meses, servindo um banquete preparado especialmente para o marido, diz a ele: “Eu estou te dando um filho, isso não é suficiente para você?”. De verdade, não é algo que já vimos acontecer repetidamente no mundo real?

Se der, assista mais de uma vez para, lentamente, identificar as inspirações para cada figura. Aliás, assista mais de uma vez de qualquer jeito, porque os detalhes são muitos.

Mãe! nos traz uma realidade triste: mulheres que ainda vivem pelos homens e não sabem se existiriam sem eles; homens que usam as mulheres como objetos, com objetivos certos e as descartam quando não são mais necessárias; pessoas que adoram e idolatram as outras a ponto de cometerem loucuras mesmo quando não há sentido nenhum naquilo; a facilidade com qual entramos em conflitos violentos e como somos intolerantes com o outro.

(Divulgação/CLAUDIA)

Ainda vi em Mãe! uma exploração (bem pessoal) de Aronofsky tentando explicar processos pelos quais as mulheres passam quando vão se tornar mães, uma transformação profunda e da qual ele tira toda a fantasia e idealização. Virar mãe é, para Jennifer, um processo enlouquecedor.

São mais de duas horas de filme, que não tem nada de terror. Ah, e para quem criticou a idade de Jennifer, ela é explicada no filme, faz sentido no enredo. A atriz também está bem melhor do que em filmes pelos quais ela foi aclamada anteriormente (não achei aquele Oscar merecido, admito). Aqui, Jennifer é a estrela e o rosto dela aparece enorme na tela, são suas expressões que nos levam a entender o que está acontecendo, se é bom, ruim, o que se passa dentro da cabeça dela.

Vale assistir. Mesmo. Tem horas que Aronofsky passa do limite, tirando algumas gargalhadas. Mas até o absurdo faz parte do mundo em que vivemos hoje. Quem nunca falou “nem parece verdade” diante de uma notícia estranha? Mãe! é um filme como há tempo não víamos, uma fantasia tão real que realmente faz pensar e repensar tudo por semanas.

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