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Por Cultura
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Entrevista exclusiva: autora de A Garota no Trem lança novo livro

Conversamos com a inglesa Paula Hawkins sobre o sucesso de A Garota no Trem e também sobre o lançamento de Em Águas Sombrias

Por Isabella D'Ercole Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 15 jun 2017, 17h38 - Publicado em 15 jun 2017, 17h36

De tempos em tempos, somos arrebatados por alguns fenômenos literários. São livros que caem no gosto da maioria das pessoas, chegam ao posto de mais-vendido e, às vezes, viram até filme. Foi o que aconteceu com A Garota do Trem (Record), no ano passado. Escrito pela jornalista britânica Paula Hawkins, o thriller contava a história de Rachel, uma mulher deprimida que levava uma vida triste. Alcoólatra, ela havia sido deixada pelo marido (que já se casara novamente e tivera um bebê) e não conseguira manter o emprego.

(divulgação/Divulgação)

Entretanto, todos os dias, ela pegava o mesmo trem em direção à cidade. Passava o dia lá e voltava para seu desconfortável quarto alugado à noite. Da janela do trem, Rachel observava a vida dos vizinhos. Ela conhecia todos de cor e inventava histórias para cada um em sua cabeça. Até o dia em que suas observações podem ser úteis para ajudar uma vizinha desaparecida.

Contudo, por sua fama, é difícil Rachel convencer a polícia da veracidade das informações que leva. Por isso, decide resolver a situação sozinha. Com o desenrolar da trama, ela entende muito sobre si mesma, decide mudar de vida, entende que seu ex-marido não é exatamente quem parecia ser e dá um desfecho à história.

No cinema, Rachel foi interpretada por Emily Blunt. As cenas mais pesadas causaram alvoroço.

Agora, Paula Hawkins promove seu segundo suspense, Em Águas Sombrias (Record, R$ 42,90) Dessa vez, entra em destaque a relação entre duas irmãs, Nel e Jules Abott. Elas moram na pequena cidade (fictícia) de Beckford, no interior da Inglaterra. Durante a adolescência, a rixa comum entre irmãs ganha tons mais forte e acaba em uma ruptura definitiva. Na vida adulta, as duas se separam e ficam anos sem se encontrar.

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(Divulgação/Divulgação)

Um dia, Jules recebe uma ligação dizendo que sua irmã foi encontrada morta. Não se sabe se ela teria caído de um penhasco e se afogado no rio abaixo ou se teria se suicidado. De volta à pequena cidade, Jules encontra Lena, a sobrinha que nunca conheceu. A história poderia ser só um drama se não existisse um mistério em torno do rio. Ali, no último século, várias mulheres tinham sido encontradas sem vida.

O livro é sombrio, mas mantém o ritmo porque varia entre cinco narradores. Jules quer descobrir a verdade no caso e acaba entrando ainda mais fundo no mistério do rio (algo bem parecido com a trama de A Garota no Trem). Hoje, conversei com Paula sobre a carreira de sucesso na literatura, as expectativas do público e a possibilidade do novo livro também virar filme.

Foi difícil escrever uma nova história depois da popularidade de A Garota no Trem? Como garantiu que seriam duas tramas bem distintas?

A minha sorte é que tinha começado a escrever Em Águas Sombrias antes de A Garota no Trem ser lançado. Depois, com a turnê internacional, as entrevistas e etc, ficou impossível sentar na minha mesa e me concentrar. Com tudo isso, levei uns dois anos para acabar. E, pela primeira vez, sentia uma expectativa muito alta das pessoas. Como o último livro tinha sido um sucesso, eles cobravam que a trama nova fosse igual ou melhor. Eu tentei não pensar muito, só focar em escrever e fazer meu melhor.

E foi fácil deixar Rachel e os outros personagens para trás?

Eu fiquei bem feliz, para falar a verdade (risos). Eu queria sair daquele ciclo, pensar em coisas novas, pessoas diferentes, outros universos. Em Águas Sombrias me deu a possibilidade de experimentar pensar como uma adolescente, como um homem, todos os narradores que incluí. Eu comecei por Jules e Nel. Eu ainda não sabia qual seria a trama exatamente, mas construí a relação delas, depois o cenário e fui expandindo para pessoas próximas, depois a comunidade em que viviam. Eu tinha um conceito: existe um rio e ali acontecem coisas terríveis. Mas só depois fui unir essas pontas.

É mais difícil encontrar esse tipo de perfil desbravador das suas protagonistas descritas como mulheres. Os thrillers normalmente são território masculino. Por que escolheu retratá-las assim?

Eu me interesso enormemente pela vida das mulheres, seus desafios, suas batalhas. É bastante provável que elas sempre serão o foco das minhas histórias. Ea acho importante retratarmos a mulher com mais complexidade, seriedade. Nós sabemos que são elas que mais leem ficção, então vamos deixá-las ter personagens com quem podem se identificar, se ver representadas. Isso precisa se tornar algo natural. E eu sei que estamos enfrentando coisas terríveis para as mulheres. Elas sofrem discriminação, preconceito, violência. Nem em casa estão seguras, já que é lá, pelas mãos de alguém próximo e amado, que correm mais risco de sofrer essa violência.

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Durante a turnê de A Garota no Trem, muitas vezes você foi comparada a Gillian Flynn, autora de Garota Exemplar. Isso a incomodou?

Jamais, me senti muito honrada. Eu amo Garota Exemplar, acho um livro ótimo. E entendo as similaridades, porque ambas as protagonistas são mulheres e há muito suspense e emoção. Mas também enxergo as diferenças. Rachel, diferente de Amy (protagonista de Garota Exemplar) é do bem, ela só está confusa, vivendo um momento ruim. Mas você consegue se relacionar com Rachel, entender que é um baixo na vida dela.

Como foi ver o livro virar filme com uma superprodução hollywoodiana?

Maravilhoso! Ver a história que eu criei transcender do papel para a tela… não tenho nem palavras. E achei que a equipe fez um trabalho muito bom. O roteiro foi fiel ao livro, a Emily Blunt foi sensacional, fez um trabalho fantástico.

O novo livro deve ir para as telonas também?

Sim, os direitos já foram comprados antes mesmo do livro ser publicado, mas não sei quanto tempo deve levar para sair.

Você vai colaborar com o roteiro?

Não, deixo isso para os profissionais. Não tenho ideia como se faz. E também não sei se conseguiria criar o distanciamento necessário para cortar detalhes e cenas, a autora se apega demais aos personagens para fazer isso.

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A relação fragilizada de Nel e Jules é baseada na sua com seu irmão? De onde veio a inspiração?

(Risos) Não, eu e meu irmão nos damos muito bem. Mas todo mundo tem alguém na família com quem não se dá muito bem. Você ama aquela pessoa simplesmente porque ela é da família, mas não há nada em comum, você discorda em tudo dela, há choques constantes… É frustrante, mas acontece. No caso da Jules e da Nel, a fratura era profunda demais para se curar após a adolescência. Porque quem tem irmãos sabe que é comum ter uma rixa. Crianças são cruéis, mas, em algum momento, você perdoa o outro, aceita quem ele ou ela é sem querer mudá-la. No caso das personagens, não há essa vontade de reatar, elas preferem ficar distantes mesmo.

Seus dois livros acontecem em comunidades menores, como na pequena cidade de interior ou no subúrbio. Por que?

Eu sinto que não lugares claustrofóbicos, propícios para uma vida mais observada, vigiada. Os vizinhos sabem tudo sobre você e vice-versa. Por isso, as pessoas se comportam de maneira mais misteriosa.

Já sabe que atriz quer interpretando Nel e Jules?

Não faço ideia. Normalmente, quando desenho um personagem, foco apenas nas características, na personalidade. É raro eu descrever alguém como “loira”, “morena”. Mesmo porque acredito que o leitor forme uma imagem na cabeça, uma leitura própria.

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