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Por Olho da rua
Coluna da atriz, bailarina, diretora, roteirista, compositora, poeta, cozinheira madrasta e vocalista da banda Fábrica de Animais Fernanda D'Umbra
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“Ser madrasta é amar alguém que não tem seus olhos”

Não existe ex-madrasta

Por Fernanda D'Umbra Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 9 jan 2017, 18h32 - Publicado em 29 dez 2016, 18h30

Estou no sacolão com meus enteados quando compramos a maçã da madrasta má. Na nossa brincadeira, eu sou a megera e rimos porque minhas maldades são muito bobas. Sou ruim de fábula. Então ela e ele me explicam como são as coisas agora com as crianças. Explicam do jeito deles, e eu faço várias perguntas. Eu amo aqueles dois. Muito. E acho que o pai e a mãe deles ficam tranquilos quando estão comigo. Quer dizer, espero que sim.

Quando me casei pela primeira vez, minha enteada estava com 7 anos. Eu me separei do pai dela quando ela tinha 16. Quase morri. Não existe ex-madrasta. Ela é minha enteada para sempre. É mesmo, não tem outro jeito. Outro dia ela me escreveu: “Vamos almoçar?” Eu sei o que ela queria, aquela bandida: queria a minha comida. Queria sentar à mesa comigo e falar sobre tudo sem ter que se preocupar, queria abrir a geladeira e agora a garrafa de vinho; afinal, hoje ela tem 25 anos. É uma mulher, mas para mim será sempre aquela menina a quem fui apresentada.

Na primeira vez que saí sozinha com meus enteados mais novos, meu marido disse: “Qualquer coisa, me liga; se tiver algum problema com eles, eu resolvo”. Com todo respeito: de jeito nenhum! Quando estão comigo, eu respondo por eles. Vamos deixar de besteira. É claro que, se houver algo realmente sério, os pais serão os primeiros a saber. Caso contrário, que fiquem descansados.

As crianças têm que confiar em mim, saber que sou adulta e estou lá para o que quer que eles precisem. Até para dar uma bronca, se for o caso. Não sou madrinha deles, não sou tia, não sou parente, tampouco sou a megera, a madrasta má. Aliás, que belo serviço fizeram os contos de fada! Entre outras besteiras, essa é uma delas. Não acredito que a cultura do ciúme entre mães e madrastas seja maior do que a amizade que pode haver entre elas. Pergunte a qualquer mãe o que ela sente quando deixa os filhos com alguém que os ama. Tranquilidade, no mínimo.

Ser madrasta é algo gigantesco, acreditem. É amar alguém que não tem “seus olhos”. Alguém sobre quem você não tem qualquer autoridade instituída. Seus enteados não são obrigados a gostar de você. E, se você se separar do pai ou da mãe deles, deixará de ser madrasta e talvez não os veja mais. Porque não existe madrasta solteira. Separou, acabou. O homem ou a mulher têm o direito de levar os filhos embora, e você vai reclamar do quê? Você não é a mãe deles. Você pode pedir para vê-los, e a resposta pode ser não. E o que você faz com a saudade?

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Serei imodesta agora: meus enteados gostam de mim, e isso é enlouquecedor. Vão aos meus shows, se divertem, cantam as músicas, fazemos compras juntos e, quando vamos cozinhar, tudo vira uma festa. Se fico brava, o que é raro, falo pouco. Se falo pouco, eles já sabem que é sério. E segue a vida. Nossa comunicação já não é só verbal. Temos códigos visuais silenciosos, que vão dos assuntos mais importantes a bobagens sem fim.

Há algum tempo, minha enteada mais velha, fruto do primeiro casamento, me pediu um vestido emprestado: “Vou levar esse azul”. Perguntei: “Por que você faz tanta questão de usar um vestido meu nessa festa?” “Porque eu quero ficar maravilhosa.” Aquilo me quebrou em mil pedaços. Para sempre.

Leia também: Coluna da Fernanda D’Umbra: “A separação faz parte do amor”

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