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Por FINANÇAS FEMININAS
Carol Sandler é jornalista, fundadora do Finanças Femininas e autora do "Detox das Compras"
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O valor do trabalho não-remunerado da mulher chega a US$ 10,9 trilhões

O problema é que o trabalho não-remunerado não entra na conta dos economistas na hora de calcular o PIB das nações

Por Carol Sandler
Atualizado em 12 jun 2020, 16h18 - Publicado em 10 mar 2020, 09h40

Levar os filhos na escola. Lavar, passar, cozinhar. Buscar elas mais cedo, levar no médico. Servir o jantar, lavar a louça. Colocar a mesa para o café da manhã. Este é o dia-a-dia de milhões de mulheres no Brasil e no mundo.

Acostumamo-nos, como sociedade, que estas são responsabilidades da mulher. Mas esta construção social está ligada à nossa história. Quando o provedor ainda existia, ela fazia sentido: os homens trabalham fora de casa e são responsáveis por trazer a renda da família, enquanto as mulheres se dedicam às tarefas domésticas e cuidados com a família.

No entanto, o mundo mudou – e o provedor já não existe mais. As mulheres trabalham fora há décadas, possuem sua própria renda e são as chefes de 38% dos domicílios brasileiros. Ainda assim, a responsabilidade com as tarefas domésticas não foi redistribuída de forma mais justa. Segundo estudo do IBGE, as mulheres gastam em média 21,3 horas por semana com estas atividades, enquanto os homens dedicam a elas apenas 10,9 horas por semana.

O levantamento mais recente sobre o assunto foi realizado pela Oxfam e revelou este trabalho não-remunerado exercido pelas mulheres no mundo todo vale US$ 10,9 trilhões. Se todas nós recebêssemos um salário mínimo por estas tarefas, este teria sido a nossa remuneração. A título de comparação, o New York Times mostrou que esta cifra é maior do que o faturamento das 50 maiores empresas do mundo em 2018.

O problema é que o trabalho não-remunerado não entra na conta dos economistas na hora de calcular o PIB das nações. A expectativa tradicional da sociedade é que ele deveria ser feito pela “dona de casa”. Contudo, assim esquecemos que ele é um subsídio dado pelas mulheres para os seus parceiros e as suas famílias.

O que acontece quando as mulheres decidem trabalhar (por necessidade ou opção)? Acaba o subsídio. As famílias passam a ter que dividir as tarefas ou contratar pessoas para ajuda-las a dar conta de tudo.

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Uma história relembrada pelo NYT mostra o impacto do fim deste subsídio: em 24 de outubro de 1975, 90% das mulheres islandesas recusaram-se a cozinhar, lavar ou cuidar das crianças. “Isso parou a nação. Homens ao redor do país tiveram que dar um jeito, levando os filhos ao trabalho e lotando restaurantes”, relata a matéria do jornal.

De acordo com uma estimativa do jornal A Folha de S. Paulo, o salário mensal da dona de casa brasileira deveria equivaler a R$ 4.535 – este valor foi também calculado com base no salário mínimo de todas as profissões que a mulher exerce no seu dia-a-dia, como babá, motorista, cozinheira, e assim por diante.

Para construirmos uma sociedade igualitária, há muito para mudar: economistas precisam começar a considerar o subsídio que as mulheres oferecem à nossa sociedade; famílias precisam redistribuir o volume de tarefas domésticas e familiares; e a igualdade salarial precisa sair da teoria e virar prática.

Temos um longo caminho ainda a percorrer.

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