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Por Atitude 50
Focada na maturidade como plataforma pessoal, a jornalista Kika Gama Lobo escreve sobre as sensações e barreiras que as mulheres de 50 anos vivenciam
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Me dei bem?

"Expliquei que o Brasil está assim porque todo mundo dá seu beiço, todo mundo quer se dar bem, todo mundo é clone do Gérson"

Por Kika Gama Lobo Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
22 ago 2018, 16h14

Entrei no Itaú. Fui retirar a senha de atendimento. Na minha frente, uma senhora de uns 68/72 anos, descaradamente, pega dois tipos de acesso aos caixas. A senha preferencial e a comum. Bufei antecipando minha ira.  

Chamei a sua atenção dizendo que ela só podia escolher uma e – em minha direção – veio um olhar 43 fuzilante. Vomitou que ela fazia o que queria, que eu não tinha que ralhar, que ela era dona de si. Sono.

Expliquei que o Brasil está assim porque todo mundo dá seu beiço, todo mundo quer se dar bem, todo mundo é clone do Gérson, mas não tive muito êxito. A perua de Ipanema, toda trabalhada na bolsa dourada, continuou a falar alto, em minha direção, como se a errada fosse eu.

Respirei fundo, liguei o foda-se e, já repleta de civilidade, esperei meu número ser chamado. Mergulhada em contas, nem me dei conta que a senhora “ixperta” não está mais no ambiente de espera. 304, 307…  320 e meu número é 322.

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Chegando. Num átimo, como num piscar de olhos, a dita cuja brotou na minha frente. Baixou a bola, a guarda, a arrogância. Olhou para mim e me agradeceu. Que ela tinha sido chamada a atenção por alguém mais jovem e que de fato não estava certa.

Quis me dar a sua senha, para que eu fosse atendida antes. Agradeci e falei para ela inutilizar o papel e fazer valer seu lugar correto na fila. Ousou desfiar um rosário de problemas como dor nas costas, contas a pagar, marido com gota. Ouvi atenta, no início sem saco algum, achando que a tomada de consciência da ipanemense madura fosse truque. Não era.

Foi desconstruindo sua couraça e mostrando a mulher comum – igual a todos nós – que habitava aquele corpo grifado. Me senti bem. Me senti mal. Vi na minha frente alguém despreparada para a vida, no entanto, se achando a última Coca-Cola do deserto.

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Impressiona como os brasileiros reclamam pouco seus direitos e, quando reclamam, são hostilizados. Mas, já de noite, penso na tal mulher. Como estará? Pantufas, cabelo desgrenhado, assistindo TV, num pijamão surrado?  Não. Isso é bullying da minha parte. Tomara, de verdade, que esteja mais cordata, consciente e ciente que o direito de um termina quando começa o do outro.

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