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A jornalista Ana Claudia Paixão (@anaclaudia.paixao21) fala de filmes, séries e histórias de Hollywood
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O algoritmo de Hollywood fala muito sobre padrões inalterados

O passo das mudanças é ditado por medo de mudança

Por Ana Claudia Paixão
Atualizado em 18 dez 2019, 08h24 - Publicado em 13 dez 2019, 14h33

Entra ano e sai ano e a gente acaba ouvindo as mesmas reclamações quando saem as indicações para os prêmios em Hollywood: os padrões inalterados, seja por idade, gênero ou etnia. Arte não é uma ciência exata e por isso seria quase imune aos algoritmos. Só que as premiações refletem o momento que vivemos e o que estamos prontos para reconhecer como o “melhor”. E o que elas nos dizem esse ano é que ainda não mudamos o suficiente.

Escolher o que é melhor é uma decisão subjetiva. Porém, por mais inconscientes que sejam as motivações que nos fazem votar em um e não no outro, elas seguem um padrão que é lido pelo algoritmo. Se eu seleciono filmes ou séries românticas quando quero relaxar, mesmo que diga que não é o que “gosto mais” de ver, se faço isso uma vez por mês ou todo dia, o ‘robô’ vai identificar a frequência e os padrões para buscar valores semelhantes para me mostrar. Assim a ciência exata fala com a complexidade humana. Eu acho assustador e lindo, porque não sou imune à leitura de uma máquina. Ninguém é.

Então, quando vejo que mulheres em Hollywood continuam sem reconhecimento igual aos homens, lamento profundamente. Sem panfletos. Eu posso não achar Greta Gerwig nada demais como atriz ou diretora, e não achar que a nova versão de Adoráveis Mulheres acrescente algo que a coloque entre os indicados por direção (mesmo que seja um ótimo filme), mas o fato de mais um ano passar e nenhuma mulher ter sido considerada na categoria é entristecedor. Não sou robô e vejo o algoritmo persistente de que o discurso de igualdade existe, mas a seleção subjetiva permanece a mesma.

E o cenário ainda é esse: mulheres em Hollywood são jovens, magras e com traços finos. Quando passam para os 40, já começam a reduzir a tela, já que no cinema a presença delas fica cada vez mais rara. É quando elas entram na experiência da maternidade, a indústria também muda sua relação com elas. Meryl Streep, Nicole Kidman, Cate Blanchett e Gwyneth Paltrow podem até não ter desaparecido, mas sofreram com uma redução de trabalho ao se tornarem mães. 

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Atrás das câmeras Barbra Streisand nunca foi indicada e tem fama de difícil. Jodie Foster foi elogiada, mas praticamente saiu de cena. Sofia Coppola ganhou por roteiro, porém não por direção e assim foi até Kate Bigelow quebrar o tabu. Ou melhor, ter sido uma exceção não repetida. Norah Ephron (quando viva) e Nancy Meyers podem estourar nas bilheterias, mas apenas com o que chamam de “filme de mulher”, ou seja,  comédias românticas.

Se falarmos de estética é ainda pior. Mulheres acima do peso em Hollywood quase não tem vez, não importa a área. Melissa McCarthy é uma resistente aos padrões de beleza, mas até Adele mudou o corpo desde que deixou a Inglaterra. Nada errado em emagrecer, por favor! Pode ter questões de saúde envolvidas ou desejo pessoal, mas é ainda um padrão de beleza. 

Então, voltando aos prêmios, vamos abrir a nova década sem nenhuma mulher indicada por direção no Globo de Ouro, uma cerimônia na qual apenas jornalistas votam. Como culpar a Academia de Artes (Oscar) com seus 9 mil votantes, sendo que 68% são homens e mais de 80% brancos? O reflexo dos selecionados para premiação não pode ser reduzido aos culpados de sempre. É algo bem maior. E prova que o desafio de mudar está ainda vivo e urgente. Como falávamos ontem na redação: “fica a seu critério”.  E temos que mudar os nossos. 

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