Superei meu ciúme doentio
Já segui e cheguei a botar detetive atrás do meu marido. Mas me tratei e hoje estamos em paz
Até mulher na televisão era motivo de briga
Foto: Divulgação
“Nossa, que mulher gostosa!” O Tiago mal precisou terminar a frase. Eu peguei a vassoura e cravei nele. Ele se defendeu com o antebraço e o cabo se quebrou! “Tá louca, Sirlei? Era só um comentário. A mulher está na TV, pelo amor de Deus!” Pouco me interessava. Naquela época o ciúme me deixava doida. Nem na frente da televisão o Tiago, então apenas meu namorado, tinha paz. Ele ficou alguns dias com o braço roxo e nunca mais teve a coragem de dar um sussurro sequer quando uma gostosona aparecia na telinha.
Pior é que esse episódio foi apenas um aperitivo do que estava por vir. Com o tempo meu ciúme foi ficando cada vez mais descontrolado. Eu perturbava o Tiago de todas as formas. Queria saber se as amigas de faculdade eram bonitas, quantos anos tinham, se eram loiras ou morenas, magras ou não… Fazia tanta pergunta que dava pra fazer uma ficha de cada mulher que se aproximava dele!
Paguei R$ 2 mil a um detetive
Quando completamos cinco anos de namoro o Tiago me ligou à meia-noite e disse que ia ter uma reunião de emergência na empresa! “Mas à meia-noite? Ah, tá”, pensei. E concluí: “É hoje que eu pego ele no flagra!” Como eu não tinha carro, pedi a uma amiga que me buscasse em casa pra gente dar plantão na porta da empresa.
Ela enfrentou uma viagem de 40 minutos comigo até chegarmos lá. Fiquei nervosa dentro do carro, imaginando a mulherzinha com quem ele sairia do prédio. Deu 2 da manhã e o Tiago saiu. Sozinho. “Ah, não é possível! Que má sorte! Não foi hoje que eu peguei a sirigaita!” E eu não me dei por satisfeita. Contratei o serviço de uma semana do detetive Carlos.
Lembro-me de que ao final da investigação o detetive me mostrou fotos do Tiago indo para o trabalho, visitando clientes e tomando lanche na padaria. E eu ainda insisti:
– Ah, quem é essa mulher atrás do Tiago nessa foto, Carlos?
– É uma mulher que estava lanchando, Sirlei.
– Ah, mas ela não conversou com ele, Carlos? Deve ser a amante dele!
– Sirlei, não pira. Era uma mulher que estava na padaria, só isso.
O.k., joguei R$ 2 mil para descobrir o óbvio: o Tiago não me traía. O Carlos não pegou uma escapadinha sequer.
Descobrir a senha do celular foi a gota d’água
Meses depois o Tiago viajou a trabalho para João Pessoa, na Paraíba. Liguei para o serviço de caixa postal do celular dele e fiquei tentando horas até acertar a senha. Um amigo tinha ligado chamando-o pra uma balada! Pra quê? Liguei e terminei tudo, não quis nem saber. Na volta foi o Tiago quem terminou comigo. Ele disse que não agüentava mais. Também, eu mexia na carteira dele para pegar os comprovantes de cartão de crédito, revirava as camisas à procura de batom e até o cheirava para ver se tinha perfume de mulher.
Ficamos uma semana separados e foi só então que eu percebi: se não procurasse ajuda perderia o Tiago pra sempre. O dia em que me sentei na poltrona da psicóloga chorei horrores. “Me ajuda senão vou perder meu namorado”, eu implorava. O terapeuta Rubens me deu ótimos conselhos. Com ele aprendi a tomar conta da minha vida. Ocupei meu tempo com o trabalho, comecei a fazer os projetos que sempre quis.
Cada vez que ia fuçar nas coisas do meu namorado eu pensava: “Se eu fizer isso vou perder o Tiago. Isso é neurose e ela não é mais forte que eu”. Eu respirava, contava até dez e passava. Foi difícil mas aos poucos consegui relaxar.