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Sempre um novo dia

Por causa de problemas financeiros, Lúcia se prostitui e vira dependente de drogas. Ela conseguirá ser feliz de novo?

Por Redação M de Mulher
Atualizado em 21 jan 2020, 14h09 - Publicado em 20 out 2008, 21h00

Ilustração: Dreamstime

Meu marido saiu do banho e se sentou à mesa, como de costume. Coloquei comida em seu prato, em silêncio. Há meses não nos falávamos. Ele chegava do serviço, tomava banho e jantava. Eu o deixava ali e ia para a sala ver a novela com meu filho. Vivíamos assim desde que descobri que ele me traía. Nem fiz escândalo. Resolvi dar uma segunda chance. Achava que seria uma coisa passageira. Mas, em vez de se desculpar e recomeçar nossa vida, ele silenciou. Não acreditava que Jorge não me queria mais. Que nem sequer sentia desejo por mim. Resolvi ficar muda também.

Numa terça-feira, arrumei seu prato na mesa. Ele demorou a sair do banho. Se sentou. Não tocou no garfo. Respirava pesadamente. Eu, de costas lavando louça, pressenti o pior. “Lúcia, tô indo embora!”, disse. Tive a sensação de ser esfaqueada. Como assim “tô indo embora?”, pensei. “Não dá mais. Eu resolvi ficar com a… Ela está grávida!” Com uma calma fingida, fui até a sala e falei: “Gerson, vá pra cama!” O menino saiu cabisbaixo. Voltei pra cozinha, fechei a porta e puxei uma cadeira. Fiquei cara a cara com o homem que havia me jurado amor eterno sete anos antes. Não conseguia falar. Seu olhar era frio como uma lâmina. “Você não pode ir… só temos você!”, murmurei, tentando acariciar suas mãos tensas.

Ele se afastou. “Não dá. Eu não quero mais dormir com você, ver você. Vou embora!”, afirmou Jorge.

Ele se levantou, e eu fiquei ali, completamente desprotegida. Tinha vindo morar com ele em São Paulo, minha família toda era do Amapá. Não podia contar com mais ninguém. Desde que nos casamos, eu cuidava dele e de meu filho. Só sabia lavar roupa, preparar a comida e fazer a faxina. O que seria da minha vida?

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Corri para o quarto. Meu marido tinha colocado toda sua roupa na mala de viagem nova. Sentei na cama, não conseguia parar de chorar. “Você não pode fazer isso comigo, com seu filho!”, falei, tentando enxugar as lágrimas. “Eu mando dinheiro no fim do mês pra vocês!”, Jorge se limitou a dizer, enquanto caminhava em direção à porta.

Ele se foi. Nem deu tchau para o Gérson. Está certo que nunca havia passado muito tempo com o menino, como um pai deve, mas era filho dele! A sem-vergonha tinha destruído nosso lar. Não conhecia o rosto dela, seu corpo, mas já a odiava. Ela levou meu marido, pôs o diabo dentro dele.

Chorei tanto naquela noite que adormeci sem perceber. Acordei com uma mão alisando meus cabelos. Por um momento, achei que, assim como nos romances, ele tinha voltado, arrependido. Mas era o garoto. Me olhava com pena. “Cadê o pai, mãe?”, perguntou. Eu o abracei e chorei. Apesar de ter só 3 anos, havia percebido tudo. “Papai mudou de casa!”, tentei falar, agarrando com mais força meu menino. Tão órfão e desamparado quanto eu.

 

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