Dentro do arranha-céu
Finalmente, novo emprego! No primeiro dia, Roberta conheceu Fabão, que a deixou atordoada. Seu amado marido não merecia uma traição e, ela, aquele canalha...
Ilustração: Dreamstime
Nunca vou me esquecer daquele dia. Depois de seis longos meses sem trabalho, um telefonema mudou minha vida. “Roberta, seu currículo acaba de ser aprovado. Traga sua documentação na segunda-feira”, disse aquela voz feminina e salvadora. Abracei uma amiga, que estava a meu lado, e chorei de alegria. Havia arrumado emprego de secretária numa das maiores construtoras da cidade!
Quando meu marido chegou em casa à noite, encontrou sua mulher em estado de êxtase. “Luciano, consegui a vaga!”, gritei, logo que ele abriu a porta de nosso apartamento de dois dormitórios. Ele me abraçou e fomos direto para a cama comemorar. Nossa vida sexual andava ruim nos últimos tempos. Preocupada com a falta de trabalho e as contas que meu marido tinha de pagar sozinho, não conseguia pensar muito em transar. Mas, naquele instante, todos os meus hormônios, tomados pela empolgação da ótima notícia, manifestaram-se a pleno vapor.
Mal tivemos tempo de tirar nossas roupas e eu já estava beijando o corpo de meu homem. “Preciso tomar um banho!”, ele falou, sem graça. Não me incomodei com seu cheiro de suor e outros odores corporais e tratei eu mesma de lhe dar um banho completo de língua.
Talvez por isso, tenha me possuído de uma maneira tão selvagem e gostosa. Com direito a puxões de cabelo e mordidas na nuca. “Eu consegui, eu consegui”, gemia, alto, numa mistura de gozo e absoluta alegria.
Na segunda-feira, após um fim de semana de muito sexo e comemorações, apresentei-me na empresa. Minha pele estava ótima e, por isso, nem abusei muito da maquiagem. Sentia que reluzia por dentro.
Fiquei por alguns minutos diante do enorme arranha-céu. Contei andar por andar: 30. Ao entrar, cumprimentei a todos como se fosse um político em campanha. Alguns não me notaram, mas não liguei: logo saberiam quem eu era.
Depois de uma certa burocracia para fazer meu crachá temporário (com direito a fotos e documentos apresentados), fui ao departamento de RH. Uma mulher madura, muito bem vestida num tailleur bege, recebeu-me com sorriso simpático. “Roberta, me entregue os documentos e eu a levarei ao seu chefe.”
Todo o mobiliário parecia ser novo. A decoração high tech lembrava a de um desses museus modernos. O cheiro de limpeza no ar deixava claro que o negócio ali era chique mesmo. “Preciso comprar roupas novas….”, pensava, enquanto via as outras funcionárias circulando com figurinos maravilhosos. “Bem-vinda!”, falou-me um senhor grisalho. “Olá, dr. Mauro!”, respondi, ao olhar aquele homem de terno clássico e cheiro de cachimbo.
Enquanto me instalava na minha nova (e linda) sala, reparava nas pessoas ao redor. Havia um misto de desconfiança e simpatia vindo deles. E como tinha gente interessante ali! “Olá, bem-vinda à construtora. Se precisar de algo, me dê um toque!”, falou a primeira pessoa que veio se apresentar. Seu nome era Fábio. “Mas pode me chamar de Fabão”, completou, exalando um charme que me deixou atordoada.