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Clube Paris – conto de Amor e Sexo

Clube Paris conta a história de Vanusa, uma mulher que ao fugir do pai abusivo foi parar em um bordel. Após muito resistir ela se torna prostituta

Por Redação M de Mulher
Atualizado em 20 jan 2020, 10h20 - Publicado em 5 mar 2011, 21h00

 

Cansada dos maus tratos do pai, Vanusa sai de casa e começa a se prostituir
Foto: Dreamstime

Meu maior tesouro na vida eram aqueles oito vidros intactos de perfume, dados por um caminhoneiro goiano. Eu sabia que eram falsos, mas não ligava: todas as noites, olhava para eles e me imaginava bonita e elegante, como as mulheres dos comerciais e das revistas. “Vanusa, você nunca vai usar essas colônias aí, não?”, perguntava Dalva, minha amiga de quarto. E eu respondia: “Vou, sim. No dia em que me casar com um homem que mereça uma mulher bem perfumada!”

Sempre fui ligada a cheiros. “Essa aí tem nariz de bicho!”, falou meu pai, certo dia, ao chegar bêbado como sempre. Aquele odor de pinga era o aroma que eu mais odiava, pois sinalizava que algo muito ruimpoderia acontecer: ou ele bateria na mamãe ou tentaria fazer coisa nojenta com uma das quatro filhas que haviam vingado na vida dura do sertão.

Todos os homens daquela roça buscavam na cachaça o consolo para suas misérias. As famílias vizinhas viviam uma realidade muito parecida com a minha. Para evitar que meu futuro fosse como o delas, fugi. Nem a noite escura nem o medo dos bichos do sertão me impediram de chegar à estrada que me levaria para um destino melhor. “Mãinha, te amo!”, repetia, enquanto caminhava para longe da única pessoa de quem sentiria saudades.

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Consegui carona num caminhão pau de arara. Mas o alívio de partir durou pouco: “Moça, daqui eu volto para a roça!”, disse o motorista, ao estacionar o veículo num posto de gasolina quase deserto. “Mas onde estou?”, perguntei, assustada. Ele apenas me deu as costas.

Um sol forte e poderoso surgia no horizonte, contrastando com a escuridão da minha angústia. Estava confusa: “Não posso voltar!”, murmurava eu, aos prantos. Então, comecei a andar pela beira da estrada de asfalto. Vez ou outra, um caminhoneiro buzinava para mim. Cansada, com fome e sede, finalmente, vi uma casinha com a janela aberta.

“Ó de casa, pode me dar algo para comer?”, perguntei, cabisbaixa. Uma velha abriu a porta. Ela sorriu, exibindo lábios com um batom vermelho borrado. “Aqui você pode ter muito mais do que só comida! Bem-vinda ao Clube Paris”, respondeu, me botando para dentro. Enquanto eu devorava um prato de carne-seca e farinha, notei o cheiro gostoso que aquela mulher exalava. “É perfume francês. Logo, logo, você começará a ganhar uns vidrinhos também…”.

 

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