Academia do amor
Morena entra na academia e se apaixona pelo instrutor casado. Qual será o desfecho dessa história?
Como termina a relação de Morena e seu instrutor casado?
Ilustração: Ana Bento
Um belo dia, eu cansei de ser chamada de fofinha pelos meus amigos e parentes. Desde criança tinha um corpo cheinho e isso não me incomodava. Mas, aos 22 anos, comecei a achar que precisava fazer algo a respeito. Não me sentia bem com as gorduras extras. Queria perder um pouco de peso e, quem sabe, vestir calças mais justas e pequenas como as que minha melhor amiga, Júlia, entrava fácil. “Morena, o que você precisa é ir para academia…”, repetia, sempre que eu reclamava do meu físico para ela.
Eu ria, mas, no fundo, sabia que a danada tinha razão. Por várias e várias vezes eu fechava a boca para comer pouco. Fiz isso até levar a maior bronca de um médico: “Menina, você vai ficar doente. Se quer perder peso, precisa fazer de um jeito saudável e com orientação médica”, falou numa consulta. O grande problema é que eu não tinha força de vontade para dar a volta por cima. Júlia, por outro lado, era magra por natureza. Seu corpo cheio de curvas, sem um pneuzinho sequer, fazia o maior sucesso com os rapazes. Ela poderia namorar um por dia se quisesse. Eu? Bem, eu nunca havia tido uma paquera na vida. Essa era a razão principal para eu querer mudar minha aparência. “Morena, que bom que você topou fazer sua matrícula!”, gritou Júlia, toda animada, no dia em que disse que tentaria malhar. Ela prometeu me dar o maior apoio.
Naquela noite de segunda, assim que saí da locadora onde trabalhava, encontrei minha colega na frente da academia. “Nossa, o dia demorou para passar hoje. Parece que todo mundo decidiu alugar DVDs…”, resmunguei. Júlia deu uma gargalhada; afinal de contas, ganhava a vida fazendo foto para catálogos de lingerie e de roupa de grandes supermercados. “Quem sabe um dia também não tenha um corpo como o seu para ganhar dinheiro fácil”, dizia só para sacaneá-la.
Quando cheguei na recepção da academia, me sentia bem nervosa, como um peixe fora d’água. Uma loira sarada nos atendeu e preencheu toda a papelada. Em seguida, um médico meio que fora de forma me examinou atentamente. “Veio aqui para perder peso, garotinha?”, perguntou sério. Eu ri, tímida. “Ok, então se esforce, por aqui o sistema é bruto”, disse ele antes de carimbar “aprovado” na minha ficha de matrícula.
Finalmente atravessei a porta de vidro que me levaria àquele novo mundo. Logo de cara, me assustei com tanta gente bonita. Homens e mulheres de todas as idades se exercitavam. De repente, um gato alto, lindo, com barriga tanquinho e muito sensual me estendeu a mão. “Prazer, sou Marcello, seu instrutor. Eu vou ajudá-la a ficar em forma”, falou, todo simpático. Suei tanto com tal visão que acho que cheguei a perder meus primeiros quilinhos.