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“A diversidade garante um ambiente mais criativo e inovador”

Abaixo, você confere o nosso bate-papo com Gal Barradas, CO-CEO da BETC Brasil

Por Isabella D'Ercole Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 12 abr 2024, 11h24 - Publicado em 9 jun 2016, 16h21

Minha mãe sempre foi uma pessoa muito avançada para o tempo dela, nunca temeu nenhum esforço. E, em casa, deu a mim e aos meus irmãos as mesmas oportunidades, era da nossa cultura familiar”, conta Gal Barradas. Na casa delas, as mulheres estava à frente de negócios há anos. A avó tinha fundado e dirigido uma fábrica de licor. A mãe foi a primeira mulher a se formar em arquitetura no estado e, depois, abriu uma escola.

Portanto, quando chegou sua vez de entrar para o mercado de trabalho, Gal Barradas não enxergava muitas barreiras que pudessem detê-la. “Mas eu logo vi que era a exceção da exceção, que o preconceito ainda é muito forte. Foi quando resolvi me juntar a grupos que discutem a questão feminina”, explica. Gal passou por grandes agências de publicidade, como a W Brasil e F/Nazca. Nesse processo, assumiu contas grandes e muitas vezes tidas como masculinas, por exemplo, de marcas de cerveja.

Hoje, ela é responsável por toda a operação brasileira do grupo Havas, que, além da BETC, contém outras agências publicitárias.

CLAUDIA: Você encontrou muitas resistências no ambiente publicitário?
Gal Barradas: Se encontrei, não percebi, mas acredito que por uma característica minha, não dava atenção a essas coisas, só continuava trilhando meu caminho. Porém, as agências de propaganda sempre carregaram aquele coisa de “tem que virar a noite, tem que trabalhar até tarde”, o que atrapalhava tanto homens quanto mulheres na questão familiar. Hoje, isso é tão antigo. Essa coisa do sacrifício é um ideal muito masculino de competição e produtividade. Nós, mulheres, levamos a competição com mais sutileza.

Como se dão as mudanças culturais nesse ambiente?
Estamos num processo que é lento, mas acredito que algumas mudanças nos beneficiem. Hoje, medimos competência pela entrega, não mais pelo tempo que passamos no escritório. Acredito que a mudança tem que acontecer em todos os níveis e precisa incluir o homem também. Não adianta só a gente falar disso, temos que chamá-los para enriquecer a troca de ideias. Para a publicidade isso é especialmente importante. Ambiente diverso significa mais criatividade, inovação, mais soluções. O consumidor também impacta. Não podemos retratar um personagem antigo, antiquado, retrógrado, porque ele será rejeitado.

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Fora sua carreira publicitária, você investe em um negócio de finanças para mulheres. Por que escolheu essa área?
É uma plataforma de educação financeira para mulheres. Como essa área foi reservada aos homens por muitos anos, é raro que a mulher tenha domínio desse conhecimento. Só que nos últimos anos 40% dos micro e pequenos empreendedores são mulheres. E o número de mulheres que sustentam suas famílias é cada vez maior. Se a mulher é demitida, ela tende a empreender. Por todos esses motivos, quero ajudar essas mulheres. Elas precisam estar preparadas para lidar com esse assunto. Agora, vamos transformar em um aplicativo para mobile, vai facilitar muito.

Quais outras características ainda são fraquezas femininas?
Ainda precisamos melhorar nossa capacidade de fazer network, não somos tão boas nisso quanto os homens. A carreira é você ser empreendedor de você mesmo. Não tem aquilo de se entregar para a empresa e ver o que ela faz por você. Suas ações definem onde você vai chegar.

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Você é mãe de gêmeos. Teve dificuldade de adaptação na volta da licença?
Não, eu estava louca para voltar a trabalhar. Meus filhos sabem a mãe que tem e se orgulham disso. Divido tudo da minha carreira com eles, assim como meu marido. Ao mesmo tempo, eles sabem que são a prioridade. Tem momentos só nossos. Vou a todas as reuniões da escola e todos os dias sou eu quem preparo o café da manhã – que nunca é igual ao do dia anterior. Sei que segunda-feira é um dia mais pesado aqui, que vou chegar mais tarde em casa, então faço questão da convivência matinal. Lembro um dia, quando meu filho tinha uns 10 anos, e ele me viu resolvendo várias questões da casa. Ele olhou pra mim e disse: “Ser mãe é a profissão mais importante que existe, né?”. (Risos) Eu concordei, ele estava reconhecendo meu esforço ali.

O que ainda atrapalha muito as mulheres?
Acho que os conceitos errados que muitas pessoas ainda carregam. Tem quem ainda acredite que, depois de se tornar mãe, a mulher vai estar menos interessada na carreira e vai se dedicar menos. Ou que a mulher não aguenta tantas horas de trabalho. Tudo isso é uma opção da mulher, ela deve poder escolher se quer trabalhar menos, em que horário. Não quer trabalhar nos dois primeiros anos? Tudo bem! E as empresas precisam estar preparadas para isso: elas não podem ter preconceito e devem valorizar essas mulheres mesmo após o hiato.

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