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Profissão: taróloga. Mulheres contam como é trabalhar com a leitura de cartas.

Não precisa ter um dom para ler cartas de tarô. Essas três profissionais compartilham suas histórias e mostram que, com estudo e treino, você também pode "ler o futuro".

Por Debora Pivotto (colaboradora)
Atualizado em 31 out 2016, 11h31 - Publicado em 27 set 2016, 07h05

É difícil encontrar alguém que nunca tenha tido curiosidade em ir a uma taróloga. Esse oráculo milenar está entre os mais populares do mundo. O tarô é um baralho composto por 78 cartas. As mais conhecidas são os chamados arcanos maiores, sequência de 22 cartas com figuras simbólicas e cheias de significados, como o louco, a morte, a estrela, o sol, entre outras. As outras são os 56 arcanos menores, que se assemelham ao baralho comum, com sequências de cartas numeradas de 1 a 10 de quatro naipes diferentes, com a diferença de que o tarô tem quatro figuras (e não três): valete, dama (ou rainha), rei e cavaleiro.  

A origem do tarô é um grande mistério, mas os registros mais antigos guardados em museus ou com colecionadores são do século 14 e originários do norte da Itália. E há quase seis séculos pessoas do mundo todo utilizam as cartas por diferentes motivos: para tentar prever o futuro, pedir um conselho antes de uma decisão importante ou compreender questões que estão ocultas em nosso inconsciente.

Durante muito tempo, existiu a crença de que jogar e interpretar as mensagens das cartas era um dom que poucas pessoas possuíam. Mas aos poucos, a atividade foi se desmistificando. É cada vez mais comum ver pessoas que decidem comprar o próprio baralho, estudar a simbologia das cartas e usá-las para ter clareza em momentos difíceis. Para algumas mulheres, porém, depois de muita prática, as leituras deixaram de ser uma atividade amadora. Veja três depoimentos de quem enfrentou os próprios medos e preconceitos e adotou o tarô como profissão:

Isabela Lages, 34 anos, professora, tradutora, cantora e taróloga
“Meu primeiro contato com o tarô foi em casa. Minha mãe tinha um e quando ela abria, eu ficava meio que namorando as cartas. Depois de uns anos, fiz uma amiga tirar pra mim e foi muito impressionante. E aí fui estudar as cartas com essa amiga e com a minha cunhada, que é taróloga. Comecei a entender o que era a simbologia das cartas e o que era minha intuição. Aí eu mergulhei fundo. Sempre lia para as minhas amigas, mas levou um tempo para eu assumir como profissão. Sou cantora, professora de francês e tradutora. E esse estereótipo da taróloga vem com muito preconceito. Tinha receio de julgamento, de que me achassem charlatã ou que talvez perdesse alunos. Mas depois que assumi para mim mesma que queria fazer isso profissionalmente e divulguei pro mundo, tive um resultado enorme. Várias pessoas que eu julguei que achariam estranho me procuraram. Hoje tenho feito até dois atendimentos por semana e vejo que cada vez mais o tarô ganha espaço na minha vida profissional. É meio tabu, né? Ninguém conversa a respeito, mas todo mundo acha maravilhoso. É um preconceito besta, mas sinto que isso está mudando. Vejo o tarô como uma ferramenta de autoconhecimento. Acho que todo mundo não só pode como deve praticar”.

Arquivo Pessoal
Arquivo Pessoal ()

Bianca Santana, 32 anos, professora universitária e taróloga
“Cresci vendo minha tia abrir cartas para as pessoas. Não era tarô, era baralho comum mesmo. Quando fiz 15 anos, ela disse que queria me ensinar. Eu falei não, que queria estudar e que não acreditava muito naquilo. E Fiquei assim por uns 15 anos. Quando engravidei da minha filha, já tinha dois meninos, comecei a me sentir muito diferente, ter interesses diferentes. E comecei a estudar as diferenças entre homens e mulheres. Um dia estava em uma livraria e fiquei lá por horas pesquisando livros de Antropologia, História, mas nada me chamava a atenção. E quando vi um livro sobre tarô, me interessei muito. Fui para o caixa pagar e nem dei meu CPF pra não registrar nas minhas compras. Pensei ‘ninguém vai ver que estou lendo isso’. Fui procurar minha tia, que  começou a me ensinar e eu ouvi muitas histórias interessantes da minha familia. E descobri um outro jeito de pensar. Porque a gente, que é muito escolarizado, tem uma forma bem linear de pensamento. E essa era uma das minhas principais dificuldades com o tarô. Demorei pra descobrir que tem sim o significado das cartas, mas que tem uma outra interpretação que é mais subjetiva, intuitiva. Comecei a abrir cartas pra mim, lia muitos livros, até que uma hora resolvi abrir para pessoas próximas. Vi o quanto a leitura pode ser potente pra todos. Dou aulas numa faculdade de comunicação e estou fazendo doutorado. Já abri cartas para vários colegas professores, vários doutores. Não sei se elas falariam disso publicamente, mas vários já me pediram. O jeito como vemos o mundo é muito fragmentado. É como se não fosse possível alguém que tem apreço pela Ciência e pela História se interessar por tarô, como se fosse algo menor. Mas olho para as cartas como um conhecimento popular. Há quanto tempo as pessoas usam essa sabedoria e faz sentido para elas?”.

Arquivo Pessoal
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Ana Cristina Vidal de Castro Ortiz, 38 anos, astróloga, terapeuta e taróloga
“Eu era adolescente quando fui numa taróloga pela primeira vez. Queria saber do futuro e entender um pouco mais sobre as coisas que aconteciam. Um dia, uma amiga falou de fazermos um curso para a gente ler uma para a outra e não precisar mais gastar dinheiro. Eu estava na faculdade de Direito. Fizemos o curso e foi superlegal. Comecei a praticar e fiz vários outros cursos. Minhas primeiras clientes foram as amigas mais próximas, que ficavam sem graça de não pagar nada e assim começou a virar trabalho. Acho que a principal função do tarô é traduzir o que a gente já sabe. A gente tem aquelas vontades, as possbilidades estão ali. E acho que também mostra coisas que não estamos vendo, do nosso inconsciente. Muitos acham que precisa ter um dom, ser vidente ou médium e isso é uma grande bobagem. Se você se basear só pelo significado das cartas, vai dar uma resposta. Claro que a intuição ajuda muito, mas qualquer pode fazer isso e interpretar. Sou pós-graduada em Direito e Jornalismo e tenho mestrado em Comunicação. E o universo de tarô é algo totalmente separado do mundo acadêmico. Já passei por muito preconceito. Consegui apresentar um trabalho sobre tarô em um evento do mestrado, o que depois virou um artigo. Nem passava pela minha cabeça que fosse conseguir algo assim. Na família também foi complicado. Até pouco tempo atrás, meu pai falava: ‘Minha filha largou o Direito para virar cartomante´. Acho que ele seria mais feliz se eu tivesse continuado como advogada”.

Arquivo Pessoal
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