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Páginas da vida: 3 histórias de mulheres que não desistiram de ser mãe

Conheça as histórias de três mulheres que enfrentaram grandes obstáculos, superaram tragédias, expandiram ainda mais os limites da maternidade - e fariam tudo de novo.

Por Beatriz Koch
Atualizado em 22 out 2016, 15h25 - Publicado em 8 Maio 2014, 22h00

 

“Perdi minhas filhas em uma tragédia, mas não desisti de ser mãe”, Cláudia Repetto, jornalista, 46 anos.

“Passei o Ano-Novo de 2009 para 2010 com meu marido, Marcelo, nossas duas filhas e alguns familiares em uma casa alugada em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro. Chovia muito desde cedo e aquela madrugada não foi diferente. Eu já estava dormindo quando ouvi um estrondo forte. Em segundos, a casa desabou, nos deixando soterrados. Em nenhum momento perdi a consciência. Chamei por socorro, gritei o nome das meninas, mas não tive retorno. Parecia surreal que aquilo estivesse acontecendo. Fiquei horas sob os escombros e várias vezes pensei que não fosse sobreviver. Ao ser resgatada, percebi que o sol brilhava forte. Ergui minhas mãos aos céus para mandar boas vibrações às minhas filhas, Giovanna, de 12 anos, e Gabriela, de 9 anos. Ninguém me disse que elas não tinham resistido, mas, de algum jeito, eu já sabia. Pedi a Deus que cuidasse delas e que não as deixasse sofrer.

O Marcelo também tinha sobrevivido, mas estava em estado grave. Eu tive fraturas na coluna e passei 27 dias no hospital. Acho que sentir dor física me ajudou a superar a dor maior da perda. A minha vida toda tinha sido destruída naquele episódio. Eu e meu marido namoramos por 13 anos e, assim que nos casamos, planejamos ter dois filhos. A Giovanna e a Gabriela nos trouxeram realização plena. Por isso foi tão duro voltar para casa depois daquela tragédia e encontrar os brinquedos, as roupas, tudo como havíamos deixado antes de viajar… Sentíamos a presença constante delas. Lembrei de como eu sempre quis criar as duas para serem fortes para o dia em que eu as deixasse. E aquela ordem tinha sido invertida dolorosamente. Apesar de ser difícil lidar com a saudade, nunca me deixei deprimir. Entendi que chorar não traria as duas de volta e ainda me derrubaria mais.

Eu e Marcelo nos ajudamos muito. Quando um ameaçava fraquejar, o outro se dedicava para reverter a situação. Mas o amor de mãe continuava latente em mim e eu desejava ter aquela experiência de novo. Comecei lentamente a trabalhar a ideia de ter outro filho e, no final de 2010, engravidei, mas logo o perdi. Então, decidi fazer um tratamento de inseminação artificial. Na terceira tentativa, deu certo. Flora, Filipe e Valentina, agora com 6 meses, trouxeram uma invasão de amor para a nossa família. O sentimento é tão forte e intenso que me preenche. Eles são a prova da continuidade do amor e da vida, apesar das dificuldades. Quanto às meninas, sinto que elas estão por perto me ajudando a olhar pelos irmãos. Quero cuidar delas onde quer que estejam e sempre mando energias muito positivas. Rezo e me apego às maravilhosas lembranças de nós quatro juntos. Às vezes até assisto a vídeos antigos para vê-las sorrindo. Aprendi uma nova forma de alimentar e renovar esse amor infinito que jamais esquecerei. Mesmo com a nossa prematura separação física, sei que a nossa história não terminou.”

Páginas da vida: 3 histórias de mulheres que não desistiram de ser mãe

Foto: Júlia Rodrigues

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“Estudei e curei meu filho de uma doença que os médicos não conseguiam diagnosticar”, Sofia Cattaccini, homeopata e empresária, 56 anos.

“Quando Murilo nasceu, ele não chorava, não respirava nem se mexia, e a equipe médica teve que reanimá-lo. Logo de cara vi que algo não estava normal: meu bebê era mole, não tinha nenhum tônus corporal. Ele havia ficado em uma posição prejudicial nos últimos dias antes do parto. Dali em diante, eu teria que estimulá-lo o tempo todo, fazendo fisioterapia em casa. Como ele não tinha força para sugar o leite, eu passava de 12 a 14 horas por dia amamentando. Mas não podia pular nenhuma fase do desenvolvimento; era preciso paciência e dedicação para ver o mínimo resultado. Murilo tinha uma cabeça grande em relação ao corpo e era extremamente pequeno. A barriga ficava estufada, enorme. No sétimo mês, quando comecei a incluir leite e frutas na dieta, o quadro se agravou. Ele vomitava até dez vezes por dia, tinha crises de bronquite e pneumonia. E eu agonizava vendo-o sofrer tanto. Depois de um ano, como ele não se desenvolvia como as outras crianças, os médicos fizeram nova investigação e diagnosticaram-no com uma síndrome rara. Fomos em quase 20 especialistas e ninguém conseguia responder às nossas infinitas dúvidas. Com 4 anos, Murilo pesava o mesmo que um bebê de 8 meses.

Quando não vi mais saída na medicina tradicional, resolvi recorrer aos tratamentos alternativos. Levei meu filho ao homeopata, que pediu para cortar o leite da dieta. Foi a primeira melhora considerável desde que ele tinha nascido. Estava cansada de me sentir impotente diante do sofrimento do meu filho e vi nessa resposta um estímulo. Então, fui estudar homeopatia, acupuntura e homotoxicologia, área que identifica substâncias nocivas ao homem. Com muita persistência, descobri que Murilo era alérgico a glúten e lactose, algo comum hoje em dia, mas pouco conhecido naquela época. Eliminei as duas substâncias do cardápio e ele parou de vomitar, além de não ter mais crises de bronquite.

Foi assim que conseguimos mais qualidade de vida para toda a família. Em uma da minhas pesquisas, me deparei com um tratamento homeopático para crescer. Resolvemos dar uma chance e Murilo ganhou 20 centímetros em apenas um ano. Hoje, aos 27 anos, ele tem 1,74 metro de altura e é perfeitamente saudável. Murilo mudou minha vida de todas as maneiras. Depois do sucesso do tratamento que eu havia ajudado a criar, abri uma clínica de medicinas complementares, pois acredito que sejam uma forma mais humana de cuidar do próximo. Também elaborei novas receitas saborosas para variar a dieta limitada do Murilo, e isso me levou a abrir, em 2011, a padaria Diaita, localizada em São Paulo. Lá, vendo produtos funcionais que podem combater e até prevenir doenças. Ter sido positiva e tido a cabeça aberta para aceitar outras possibilidades me levaram a um desfecho feliz.”

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Foto: Weimer Carvalho

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“Minha mãe gerou minhas filhas na barriga dela depois que retirei o útero”, Fernanda Medeiros Vêncio Paiva, funcionária pública, 35 anos.

“Desde pequena sonho em ser mãe. Gostava de cuidar das crianças menores na escola e vivia tagarelando para os adultos que um dia teria os meus filhos. Mal imaginava que o caminho seria tão longo. Quando menstruei, aos 12 anos, percebi que alguma coisa no meu corpo estava errada. Tinha muita dor e cheguei até a ficar internada. Em menos de um ano, fui submetida a uma cirurgia e tive que retirar o útero, devido a uma malformação. Minha mãe não teve coragem de me contar que eu não poderia ser mãe até 15 dias depois do procedimento. Quando finalmente fiquei sabendo, entrei em uma tristeza profunda, chorava muito. Dali em diante, trabalhei com crianças em diversos lugares para ver se compensava a minha vontade de ter filhos. Quando comecei a namorar o Allen, agora meu marido, expliquei que não teríamos herdeiros biológicos e ele aceitou, mas nunca desistimos de ser pais. Tentamos adotar, mas o processo era confuso e complicado. Chegamos muito perto uma vez, mas ficamos tão chateados quando deu errado que desistimos.

Algum tempo depois, vi no jornal uma matéria sobre barriga de aluguel. Fiquei entusiasmada e liguei para minha mãe. Ela, que na época tinha 45 anos, se ofereceu para carregar meus filhos. Minha sogra e até três amigas também se prontificaram a ser minha barriga de aluguel. Peguei informações no hospital, que era em uma cidade distante, e marquei uma consulta. Chegando lá, recebi notícias desanimadoras: apesar de quase todo o processo ser feito pelo sistema público de saúde, eu teria algumas despesas, incluindo as viagens, e aquilo não caberia no meu orçamento. Novamente vi meu sonho se esvair. Em 2011, contei para a minha chefe sobre o meu sonho, e ela disse que me apoiaria durante todo o processo. Liberaria folgas, a licença para eu cuidar dos bebês. Fiquei mais tranquila para tentar outra vez. Pesquisei muito e descobri que o hospital público de Goiânia, a 200 quilômetros da minha cidade, já estava fazendo o procedimento. Sairia mais barato e seria menos exaustivo.

Minha mãe teve que perder 11 quilos antes de iniciar o tratamento e nós duas passamos por um acompanhamento psicológico. Ela engravidou na segunda tentativa. Quando soube que seriam duas meninas, explodi de emoção. O dia do parto foi inesquecível e melhor ainda foi trazer as minhas filhas para casa. Minha mãe sempre foi muito corajosa e saudável, ela amamentou as meninas e me ajudou em tudo que precisei. Emanuelle e Júlia agora têm 1 ano e enchem a família de alegria. Coloquei no passado todo o sofrimento. Ficou só esse amor único e especial que esperei tanto tempo para sentir.”
 

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