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Marina Klink sobre livro: “Você tem de buscar o que a move.”

A paulistana lança seu segundo livro de fotos da Antártica, após uma guinada na carreira (acidentalmente) estimulada pelo marido, Amyr.

Por Bruna Bittencourt
Atualizado em 12 abr 2017, 16h11 - Publicado em 25 dez 2016, 01h45

Foi uma bronca do marido que mudou o curso da vida de Marina Klink – mas não como Amyr, o famoso navegador, esperava. Em 2010, a paulistana estava pendurada, a 33 metros de altura, no mastro do barco Paratii2, fotografando a paisagem da Antártica, quando ouviu o alerta dele, preocupado: “Marina, desce daí! Essas fotos não servem para nada”. Ela demorou a obedecer. “Fiquei com aquela frase ecoando na cabeça. Como assim ‘não servem para nada’?”, conta.

O episódio foi o estopim para que ela se aposentasse de uma bem-sucedida carreira de organizadora de eventos – “Tinha uma agenda bem cobiçada”, lembra – e tirasse da gaveta antigos projetos. Aos 54 anos, Marina acaba de lançar seu segundo livro, Antarctica – Olhar Nômade (Editora Brasileira, 59,90 reais), com fotografias do continente, onde já esteve 13 vezes. “Quis mostrar o dia a dia na região, a presença humana e também que a Antártica é acessível”, diz nesta entrevista a CLAUDIA.

CLAUDIA: Por que você decidiu mudar de carreira?

Marina Klink: Não conseguia mais conciliar as viagens, minha grande realização, com os eventos. O aniversariante ou a noiva não aceitavam que eu estivesse distante, incomunicável, quando precisavam resolver detalhes. Não queriam ser atendidos por minha equipe. Assim, não podia fazer festa em janeiro nem fevereiro, pois estaria na Antártica, nem em março, porque já teria passado os dois meses anteriores fora. Em julho, gosto de viajar pelo Brasil. Assim, fui fazendo menos eventos e já não sobrava dinheiro em caixa. Em casa tinha minhas filhas (as gêmeas Tamara e Laura, hoje com 18 anos, e a caçula, Marina, 16). Com um marido ausente, sobrava muito para mim.

Como você lidava com essa ausência?

Uma mulher é a âncora ou o motor do marido. Sempre quis ser o motor. Jamais falei: “Amyr, você já deu duas voltas ao mundo. Agora chega. Fica aqui e leva as filhas à escola”. Nunca pretendi mudá-lo, pelo contrário. Contribuí para que fosse um cara de sucesso e humanizado. Depois que me conheceu, deixou de ser o navegador solitário. Hoje, tem de levar a família inteira junto.

Como foi sua primeira vez na Antártica?

Amyr me estimulou a fazer algo que nunca havia feito: ir para a Antártica. Naquela época, 1995, não havia barcos de turismo na região. Então, uma amiga me indicou um navio russo que levava alimentos e guarnição para lá. Cheguei ao Ushuaia, na Argentina, com a cara e a coragem e consegui embarcar. O tempo ajudou e navegamos para o extremo sul, até a Baía Margarida. Na volta para o navio, uma baleia jubarte seguiu nosso bote, do meu lado. Paramos e ela colocou a cabeça para fora, como um cachorro querendo carinho. Estendi a mão e toquei no rosto dela. Foi transformador.

Você já gostava de aventura?

Pequena, já velejava. Aos 18 anos, voava de asa-delta. Sempre gostei de natureza e de fotografá-la.

Como conheceu Amyr?

Um cliente sugeriu convidá-lo para dar uma palestra em um evento corporativo. Achei o número dele no catálogo telefônico. Fiquei com medo de as pessoas dormirem porque o evento seria depois de uma feijoada e ele falava baixinho. Mas, quando acabou, Amyr foi ovacionado. Passei a oferecer a palestra para outros clientes e nos encontramos muito. Em 1996, casamos.

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(Divulgação/Divulgação)

Qual foi seu envolvimento nas viagens dele?

Quando ele cogitou não construir o barco porque precisava comprar nossa casa, eu disse que a compraria. Tinha minha receita. Não sou mulher que espera o marido voltar para arrumar o chuveiro. Até porque, se fosse esperar, não tomaria banho quente nunca. Ele viaja muito.

Quando decidiram levar a família à Antártica?

Durante as ausências do Amyr, em várias situações me vi sozinha: em festas na escola, em comemorações do Dia dos Pais. Precisava fazer com que a Antártica (para onde ele já foi 30 vezes) não fosse a vilã. As meninas tinham de ter orgulho do pai por ele estar lá. Então, propus levá-las. Primeiro, ele foi reticente; minha família achou que eu estava louca. Em 2006, fomos todos pela primeira vez.

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Como foi?

Passamos 40 dias. Planejei cada refeição e uma mala de remédios para tratar de dor de ouvido a torção. Saímos com compra de mercado para um ano – dependendo do que acontessesse, poderíamos ter de ficar um ano mesmo. Era preciso despertar a atenção das crianças o tempo todo para as coisas bacanas; senão ficavam entediadas. Propus na escola que, na volta, elas fizessem uma apresentação sobre o que tinham visto e vivido – afinal, era uma viagem a que poucas pessoas no planeta têm acesso.

Foi assim que nasceu o livro delas, Férias na Antártica?

Uma amiga, editora, sugeriu transformar a apresentação em livro, que muni com minhas fotos. Ele foi adotado por mais de 70 escolas. E elas já fizeram mais de 150 palestras.

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Quando você percebeu que havia feito a escolha certa?

O dia em que cheguei a uma escola e tinha um painel de desenhos dos alunos inspirados em cliques meus. Minhas fotos tinham servido para alguma coisa – outra geração estava entendendo a importância da preservação. Na saída de uma palestra, um menino me disse: “Vou para casa pesquisar o que posso fazer para salvar as baleias”. Depois de tanto tempo, eu tinha conseguido passar a mensagem daquela baleia. É bacana poder se reinventar. Você tem de dar chance a si mesma, buscar aquilo que a move. Eu me sinto melhor hoje do que me sentia organizando festas.

Antarctica – Olhar Nômade reúne 59 fotos clicadas durante 13 viagens.

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