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Ju Romano: “A minha barriga existe, ela é ótima e é gorda”

A paulistana defende a liberdade da mulher gorda dentro da moda e na vida. "O corpo é seu, as roupas são suas, você pode usar o que você quiser", ressalta.

Por Camila Bahia Braga Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 15 abr 2024, 16h47 - Publicado em 16 mar 2017, 18h40

Gordofobia é o termo usado para definir o preconceito sofrido por pessoas gordas dentro de uma sociedade que superestima a magreza e um restrito padrão de beleza. A discriminação age na crença de que as pessoas acima de um “peso padrão” são desleixadas, com falta de autocontrole e amor próprio. Quando internalizadas, essas percepções afetam profundamente a autoestima e bem-estar das vítimas, gerando quadros de stress, ansiedade e depressão.

Recentemente, tem se ampliado o movimento de mulheres que lutam contra essa opressão e buscam estimular o empoderamento de outras pessoas consideradas “acima do peso” padrão. Consciente da importância de se ampliar as discussões sobre o tema, CLAUDIA preparou um especial que será publicado ao longo do mês de março.

Leia também: A gordofobia afeta carreira, saúde e felicidade de pessoas gordas

Nossa primeira entrevistada é a paulista Juliana Romano, 27 anos, jornalista, blogueira e, em suas palavras, “bem resolvida, feliz e bem humorada”. Chegar até esse estágio foi fruto de vários processos, que incluem exercícios diários de autoaceitação, amor próprio e valorização da própria liberdade e autonomia.

Ela já trabalhou em revistas e sites voltados para o público feminino e, desde 2009, comanda um blog voltado para “todas as meninas e mulheres que não se encaixam nos “padrões” e querem se livrar dessas regras que limitam nossa criatividade, liberdade e expressão”, como ela mesma descreve.

A jornalista também divide o canal no Youtube A Gorda e o Gay com o amigo jornalista Lucas Castilho, além disso, ela já foi capa da ELLE, já posou para a Playboy e pretende continuar ocupando todos os espaços possíveis, levando a voz, beleza e competência da mulher gorda.

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(juromano.com/Divulgação)

Leia também: Jesz Ipólito: “Nem sempre fica evidente pelo que estão me discriminando”

CLAUDIA: Quando foi que você teve uma virada de chave e decidiu se amar e aceitar?
Juliana Romano: Em primeiro lugar, teve a chave, claro, mas se amar e se aceitar é um processo diário. Eu tinha um relacionamento abusivo quando eu tinha 18, 19 anos, e esse menino acabou com minha autoestima. Ela já era meio ruim e ele piorou tudo, me deixou um lixo. Aí eu fui fazer terapia, porque eu não conseguia me livrar dele, me sentia muito infeliz, mas eu não conseguia identificar que eu tinha um problema na autoestima. Nas sessões a gente foi trabalhando vários pontos da minha personalidade, até chegar na autoestima.

Às vezes você não consegue se tocar sozinha, você pode até falar sobre, mas não percebe que tem um problema em você em querer satisfazer expectativas dos outros. Quando eu notei isso e comecei a trabalhar na terapia, comecei a perceber que não adianta a gente querer satisfazer os outros, sendo que às vezes pra gente está tudo bem. Eu percebi que queria que todo mundo me enxergasse como eu me enxergava. Eu tive que aprender a colocar as minhas expectativas em primeiro lugar. Foi nessa mudança que eu comecei a perceber que eu não preciso agradar todo mundo, não dá, não é possível agradar todo mundo. Então, já que isso não é possível, vamos agradar a pessoa mais importante da minha vida, que no caso sou eu.

Foi assim que eu comecei a perceber que eu não precisava ter um corpo específico, eu não precisava ter um tipo de comportamento específico, eu não precisava ter uma carreira específica, que eu podia de fato fazer o que eu queria fazer, o que me deixava feliz, e não os outros – eu não era responsável pela felicidade e satisfação dos outros. Cada um é responsável pela sua própria felicidade e satisfação, então se alguém se sentir infeliz com o meu corpo, com o meu estilo de vida, o problema não é meu. Descobrir isso foi o que me fez ter autoconfiança pra me aceitar, pra me amar, e pra ser eu mesma.

CLAUDIA: Você considera que a moda e a beleza são bons caminhos para reforçar a autoaceitação e o amor próprio?
Juliana Romano: Eu sempre enxerguei a moda como uma forma de expressão pessoal. Claro que antes dessa minha virada de chave eu me sentia muito pressionada a ter um certo tipo de corpo para fazer parte da moda e da beleza também. Mas depois que eu entendi que eu não precisava agradar as pessoas, a moda se tornou um fator muito chave na minha vida, porque era por meio das minhas roupas que eu conseguia me expressar.

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Eu já fazia isso antes, só que querendo aprovação das pessoas ou querendo mostrar minha rebeldia. Depois eu comecei a usar a moda como expressão pessoal mesmo. Dá para ver bem essa mudança de estilo minha. Quando eu era mais nova, eu tinha um visual muito agressivo, e era como eu me sentia em relação às pessoas: agressiva. Eu sentia como se fosse uma guerra. Depois que comecei a me aceitar e me amar, eu passei a usar a moda de fato como expressão do meu humor, da minha personalidade, então eu sempre uso coisas divertidas, alegres, coloridas. Meu estilo foi mudando muito ao longo dos anos, e é normal: você muda ao longo dos anos.

Na beleza eu acho importantíssimo também, porque toda mulher, gorda ou magra, tem o direito de se sentir linda. A maquiagem é super democrática: o mesmo lápis de olho preto vale para gorda, magra, branca, negra, alta, baixa. Claro que você poder usar o mesmo produto que qualquer mulher é uma coisa que faz você se sentir parte também. É ruim quando as pessoas colocam regras, tanto na moda quanto na beleza. Mas os movimentos de amor aos cachos cachos dentro da beleza, por exemplo, são excelentes, porque incentivam a mulher a aceitar o cabelo natural dela, aceitar as raízes dela, a beleza dela. Isso é lindo. Claro que a gente sempre tem o contraponto, então vale muito a mulher olhar para o lado positivo da beleza e da moda para ela usar isso como ferramenta para se amar e se sentir cada dia mais bonita.

A gente vive um momento bom, em que as campanhas publicitárias, embora usem o movimento de aceitação para ganhar dinheiro e popularidade, começaram a espalhar esse movimento. Para a consumidora sempre vai ser melhor ver uma propaganda que tem gorda, magra, negra, branca, baixa, do que uma que só tem magra, loira e alta.

CLAUDIA: Quais são suas críticas ao segmento plus size no Brasil e no mundo hoje?
Ju Romano: O segmento plus size existe há muitos anos, antes a gente chamava de moda tamanhos grandes, moda GG. Esse mercado foi feito em cima de muito preconceito. Quem é dono de loja e fabricante veio da mesma cultura que a gente, então é óbvio que eles também foram talhados em cima de discriminação.

Quando você vai em uma loja que só vende atacado, às vezes a marca tem coisas lindas, incríveis, maravilhosas. Mas quando o lojista vai comprar essas peças para revender na loja dele, ele escolhe vestido preto, ele escolhe a camiseta de manga, porque o lojista acha que a gorda não vai usar uma regata, não vai usar um vestido branco. Ele acha que a gorda quer sempre se esconder.

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Outro problema que a gente conversa muito no meio é a escolha das modelos. Muitas marcas quando vão fazer campanha escolhem mulheres tamano 44, 46. Eu não acho errado, porque essas modelos representam uma parcela da população plus size – que pode ir do 44, 46, até o 64, 66. Mas o que eu acho errado é só escolher essa modelo plus size “magra”, porque parece que mesmo vendendo roupas para quem não se encaixa no padrão, a marca está tentando colocar um padrão em gorda.

Por exemplo, eu amo a Ashley Graham, que é uma modelo plus size super famosa, mas ela é uma modelo que tem um corpo padrão. Ela tem cintura fina, não tem barriga, tem uma coxa com um formato que é comum ao padrão. Eu acho que tem que ter Ashley Graham, mas também tem que ter Tess Holiday, que é uma modelo que veste 56. Porque já que a gente está falando de representatividade, de mostrar para essa mulher que ela pode ter o corpo dela, por quê a gente tem que continuar reafirmando velhos padrões?

Outra barreira é o tecido. É super difícil a gente ver roupas com tecido plano – que não estica –, por exemplo. Eu adoro paletó, calças… Mas a gente vê muito tecido mole, malhas, porque eles acham que a gorda não vai entrar num tecido plano. Existem marcas que fazem coisas boas, que acompanham, mas infelizmente a maioria ainda não. A moda plus size tem o péssimo hábito de não acompanhar as tendências mundiais. A gente vê um monte de coisa legal em desfile, mas o mundo plus size insiste em fazer o que ela fez na estação retrasada, só muda a estampa, ou só as cores. Parece que a gente vive num grande looping. Fizeram uma modelagem há dez anos e só renovam essa peça com cor e estampa. Isso eu acho um grande problema, porque a gente acaba não conseguindo acompanhar as tendências mundiais como as meninas do tamanho tradicional acompanham.

As modelos Ashley Graham e Tess Holliday são algumas que se destacam na moda plus size (Reprodução/Instagram)

CLAUDIA: Você defende a ideia de que, quando se usa uma roupa sobre a qual existe a lenda de que não ficaria bem em pessoas gordas, como as listras, o mundo não se altera em nada. É libertador abraçar isso?
Juliana Romano: É muito libertador! Eu acho engraçado, porque a maioria das regras da moda foi feita em cima da ideia de que era preciso a mulher parecer mais magra, ou mais alta, querendo fazer com que ela não se parecesse com o que ela é. Negar uma regra de moda é aceitar que você não quer ser diferente do que você é, que o meu corpo está bom e eu vou usar o que eu quero, o que eu acho bonito. É libertador no sentido de dizer: olha, eu não preciso parecer mais magra, não preciso parecer mais alta. Eu sou gorda com 1,57 m, eu vou usar listra e se isso der a impressão de que eu pareço gorda, é porque de fato eu sou gorda, não sou obrigada a parecer magra, nem alta.

Outra coisa legal além das listras, porque as listras acho que todo mundo já aceitou – “beleza, vai todo mundo usar listra” –, é o cropped. É o seguinte, gente: a minha barriga existe, ela é ótima e é gorda. Se você não gostou, vira a cara. Eu não sou obrigada a ficar escondendo ela porque você tem um preconceito, uma aversão, uma gordofobia com gorduras de fora. Sinto muito, isso é problema seu. O corpo é meu, as roupas são minhas, eu que pago minhas contas, eu que compro minhas peças, e eu vou usar o que eu quiser. É muito libertador porque você se apropria do seu corpo e fala: cara, ele é meu, você não tem direito sobre ele. O corpo pode mudar.  As pessoas podem emagrecer, podem engordar, mas, no dia de hoje, é o corpo que você tem, então use o que você tem vontade, use o que você quer, o que acha bonito.

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CLAUDIA: Você enxerga relação entre o machismo e a gordofobia?
Juliana Romano: Enxergo muito, o machismo é um dos fatores que alimentam a gordofobia. É um ato muito feminista, inclusive, quando você fala  “mulher, tome o seu corpo para si”, você está dando uma independência, uma autonomia, uma força para ela, e isso tira poder de macho. Quer dar, dá; quer usar barriga de fora, usa; quer usar saia curta, usa. Quanto mais poder você dá para a mulher, mais incomoda os machistas.

Eu vejo isso acontecer muito, principalmente quando sai alguma matéria mais escandalosa, como quando saí na ELLE e na Playboy, e, até agora com a capa da VEJA São Paulo [a edição da semana de 11 de março da revista traz vários destaques do mercado plus siz, entre eles, a Juliana]. A maioria dos comentários nojentos, escrotos, vem de homem. Os homens machistas acham que o corpo da mulher tem que servir ao gosto deles. E não tem. Quando você fala para a mulher que o seu corpo não precisa servir ao gosto de ninguém, inclusive não servir ao gosto dos homens, isso alfineta no ego masculino de um jeito muito bizarro.

Eu também já vi algumas mulheres, sem generalizar, que são contra gorda, e elas usam um discurso errado porque elas querem se encaixar num padrão para agradar macho, para agradar marido. Eu tenho muito relato de leitora que fala que engordou e o marido critica. Quando você provoca os machistas, eles vão responder de um jeito grosseiro. Eles respondem com gordofobia, como se o problema estivesse na gorda em si, e não em ele se sentir incomodado pela mulher tomar conta do seu próprio corpo.

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Esta semana em @vejasp: As novas caras da moda GG: modelos, empresários e blogueiros da cidade ajudam a aumentar a receita do mercado plus size, um dos únicos setores que crescem, apesar da crise Sábado (11), nas bancas, com VEJA #sp #saopaulo #saopaulocity #revista #moda #fashion #plussize #vejasp

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CLAUDIA: Uma das coisas que o movimento contra a gordofobia defende é que não basta as pessoas gordas se aceitarem e se amarem. De todo jeito, a sociedade precisa tratá-las com igualdade. Onde você acha que ainda falta igualdade?saud
Juliana Romano: Se você vai a uma entrevista de emprego, por mais confiança que você tenha, por mais preparada que você esteja, se a pessoa que está te entrevistando é gordofóbica, ela vai te excluir de uma oportunidade. Então é óbvio que não basta a gente se amar, se achar linda e maravilhosa, se socialmente você não é vista como igual. Esse movimento é muito recente, faz pouco tempo que a gente está se empoderando, que a gorda está falando “eu existo, sou competente e faço parte dessa sociedade”. Eu vejo melhoras, mas também ouço relatos de muita resistência ainda, de achar que a gorda não é capaz, que é preguiçosa, lenta.

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Um exemplo bizarro, e que a gente tem vários casos públicos que ficaram famosos por isso, é falar que a gorda tem mais risco de ter doença, portanto ela é menos qualificada para o emprego. Quando uma magra vai fazer uma entrevista, ninguém questiona se ela tem diabetes, e é tão possível uma magra ter diabetes quanto uma gorda, principalmente se for diabetes genética. Ninguém pergunta se a magra tem um histórico de câncer, de hipertensão, ninguém questiona a saúde da magra.

No entanto a gorda é frequentemente questionada a respeito de tudo que envolve sua vida. Não só da saúde, mas da vitalidade, da vontade… Tudo é colocado em questionamento na vida da gorda meramente pelo fato de ela ter esse corpo considerado fora do padrão. Eu posso ter tido vontade, força e potencial para realizar as mesmas coisas que uma magra, mas as pessoas ainda olham para mim como uma pessoa preguiçosa, porque eu sou gorda.

Educar a sociedade – e a palavra é educar mesmo – para entender que o corpo é meu, que eu escolho se fico magra ou gorda, e que, se eu escolhi ser gorda não tem nenhum problema com a minha personalidade, é um bom passo para a gente seguir para a igualdade. Desassociar a ideia de que a competência está ligada ao formato do corpo é extremamente primordial para a igualdade. Quando eu falo que eu faço muito esporte, as pessoas sempre fazem uma cara de desacreditadas, parecem surpresas. Como se só porque eu gosto muito de jogar bola, eu tivesse que ter um corpo atlético. Se eu fosse uma louca fitness eu teria um corpo atlético, mas eu faço por hobby. É quase como se uma coisa excluísse a outra: o fato de você ser gorda significa que você não pode ser outra coisa. Isso vai contra tudo que a gente luta, porque você pode ter o corpo que quiser e fazer o que quiser.

CLAUDIA: Como a gordofobia age no cotidiano da mulher gorda?
Juliana Romano: Não é só a formação mental e social que é gordofóbica. A gorda vive momentos de gordofobia públicos, por exemplo: catraca de ônibus, catraca de metrô, portas, banheiros públicos. Nunca nada é pensado para gorda, tudo é sempre pensado para uma pessoa magra. Pode ter a justificativa que tiver, não interessa, o fato é real: fatidicamente, mais de 50% da população está acima do peso. Então, se metade da população está acima do peso considerado apropriado segundo o IMC [Índice de Massa Corpórea], é obrigatório que o Estado, o governo, as coisas públicas sejam pensadas para a população. Então tem que ter uma reavaliação da mobilidade.

Você vai sentar num banco, o banco não serve para gorda; vai sentar numa cadeira com braço, a cadeira com braço não serve para gorda; a cadeira só aguenta até 100 kg. Eu falo de mulher gorda porque eu sou e trabalho com mulher gorda, mas homem gordo sofre também. Ele sofre menos pressão estética, mas na questão da mobilidade o homem gordo também se ferra.

Os espaços públicos frequentemente excluem a mulher gorda, e você quer poder passar na catraca sem passar um momento de humilhação. Quando eu saio do metrô, eu saio pela portinha de deficientes, porque aquela catraca é minúscula. Provador de loja é uma coisa humilhante. Às vezes é minúsculo, às vezes tem aquela cortininha, a bunda fica pra fora. Tem vários momentos do dia-a-dia da gorda que ficam cutucando e falando “olha, você não se encaixa”. Então, por mais que você seja gorda, se ame, se aceite, se ache linda! Muitas coisas no seu dia-a-dia ficam falando que você está errada, e não tem que ser assim.

CLAUDIA: Existe também a fetichização da mulher gorda, isto é, o desejo sexual despertado especificamente por a mulher ser gorda – assim como acontece com mulheres negras, asiáticas, etc. Você pensou nisso quando topou posar para a Playboy?
Juliana Romano: Quando saiu a Playboy foi o maior fuzuê, foi um caos. Tiveram comentários de todos os lados, e eu li muito e refleti bastante a respeito disso. Quando eu recebi o convite, eu dei risada, porque eu não me via como uma mulher sexy estilo Playboy. Por sorte eu estava conversando com uma amiga que trabalha comigo no blog e ela falou: “Não sei porque você está dando risada. Não é você que fala que gorda tem que ocupar todos os espaços, que tem que ter gorda em tudo quanto é lugar?”.

Não é ideal que exista uma revista que usa o corpo da mulher como fetiche, mas ela existe. E se ela existe, tem que ter gorda. Eu comecei a pensar nisso e resolvi fazer o ensaio. Não é um nu, então eu não ia precisar fazer caras e bocas de uma coisa que não sou. São três fotos, e eu estou fazendo careta, estou sendo super eu mesma, estou usando as minhas próprias roupas. Eu não tive que me encaixar num personagem, não tive que fazer uma mulher que eu não sou para agradar alguém, agradar um homem, no caso. Em momento algum eu fui alguma coisa diferente do que eu sou para realizar um fetiche.

Eu concordo que não é legal fetichizar a mulher, mas se existe, a gorda tem que estar lá. Vou ocupar todos os espaços que antes eram só para as mulheres magras. A gente tem vários graus de mulher gorda bem resolvida. Tem as algumas que não se sentem bem ainda, que não se veem bonitas, não se veem sensuais. E para essas mulheres ver uma gorda numa revista como a Playboy talvez seja um passo para elas pensarem “eu posso ser sensual, posso estar em uma revista que enaltece a beleza da mulher, eu posso ter um relacionamento com um cara que ache meu corpo bonito”. Claro que eu não estou lá para agradar homem nenhum – eu não estou na minha vida para agradar os homens – mas para as mulheres que se sentem incapazes de ter um relacionamento, de ter uma vida sexual saudável, porque elas acham que para isso elas precisam ser magras estilo mulher Playboy, ver uma gorda estilo mulher Playboy é óbvio que deve ajudar e ajuda mesmo.

https://www.instagram.com/p/BLZwZ2qBMaS/?tagged=juromanonaplayboy

CLAUDIA: Que recado você tem para dar sobre a gordofobia?
Juliana Romano: Todos os movimentos que a gente tem, o feminismo, o antirracismo, são levados muito a sério, são crimes. E a gordofobia não é enxergada com essa seriedade. Eu ouço muito relato de mulheres que são humilhadas no trabalho, comentários que não são considerados assédio moral, mas são assédio moral. Assim como qualquer outro preconceito, a gordofobia afeta a mulher de uma forma muito crucial, altera completamente o curso da vida dela. Fico muito feliz de CLAUDIA estar fazendo um especial sobre gordofobia, porque de fato as pessoas têm que começar a olhar para esse tema com um olhar sério e parar de falar que é mimimi, parar de falar “fecha a boca e emagrece”, porque não é assim. É uma violência que a mulher gorda sofre e tem que ser tratada com seriedade.

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