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Como o câncer despertou a solidariedade das pessoas ao meu redor

O tratamento para o câncer de mama é pesado, com altos e baixos. Família, amigos e conhecidos exercem um papel fundamental nesse processo.

Por Ana Barbosa (colaborador)
Atualizado em 27 out 2016, 17h46 - Publicado em 27 out 2016, 17h35

Os meses passam e meu tratamento já faz parte do meu dia a dia, virou rotina. Uma vez por semana, lá vou eu para o hospital, enfrentar a agulha que mais parece um prego. Na volta para casa vêm enjoo, cansaço, boca machucada, pernas pesadas, pés inchados, unhas arroxeadas e doloridas, muito sono, pouco sono, e por aí vai. Poderia encher uma página só com efeitos colaterais da quimioterapia, mas, qual o interesse disso? Não há o que fazer, então é melhor me acostumar e não reclamar demais.

Ainda assim, tem horas que eu mesma fico cheia de mim, de tão reclamenta. Imagine então as pessoas à minha volta…
É um tratamento pesado, cheio de altos e baixos. Me sinto bem, me sinto mal. Vontade de parar com tudo, só que não. Não paro. Por mim e pelos outros. Família, amigos, conhecidos, pessoas que encontro por acaso. Exercem um papel fundamental.

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São eles que desde o começo, naquele dia fatídico, em que recebi o diagnóstico “positivo” do médico, cuidaram de mim de uma forma que jamais havia imaginado, me deram força e ânimo. Palavras, ações, correntes de oração, pensamento positivo, visitas, conversas, lindas mensagens, flores, chocolates, presentes mil. Presença física e virtual. Cada um a seu modo tem sido muito importante para mim. Desde os cuidados de pessoas mais próximas, que sei estão fazendo sacrifícios de tempo e horário para poderem estar comigo e me aguentar, às singelas palavras de um trabalhador da fazenda que quer saber se estou “mais mió”. As pessoas se preocupam, não é incrível?

Não é dó ou compaixão que os move, nem é só da boca para fora, mas sim amor, carinho e solidariedade. Quanta gente se preocupou, quanta gente quis me ajudar de alguma forma. Mas não creio que seja só comigo ou para mim, não sou tão especial assim. Descobri que as pessoas se preocupam pois elas também descobriram que momentos difíceis são difíceis mesmo, mas que podem ser amenizados quando contamos com o suporte dos outros. E que não importa quem seja, amigo ou não, podemos ajudar a melhorar a vida de outra pessoa através da solidariedade.

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Solidariedade. Palavra pomposa, seca até, que representa um sentimento tão generoso. Ser solidário: expressar apoio e ajudar alguém num momento difícil, estar disponível para o outro. Numa época que parecemos todos tão distantes uns dos outros, preocupados somente com nossos pequenos e grandes problemas, essas manifestações me surpreenderam e me encheram de um novo ânimo, além de criarem um sentimento de responsabilidade. Sem querer, me sinto responsável perante todas essas pessoas.

De alguma forma, sinto que devo a elas, devo mostrar que tinham razão em me apoiar e que graças a elas estou melhorando. Percebi que sozinha não vou a lugar algum. Eu, que sempre cuidei, sempre fiz tudo, tive que aceitar.

Antes de mais nada, aceitar que os outros façam algo por e para mim. Aceitar que o meu cansaço seja tão grande que me obrigue a parar e esperar ser atendida. Aceitar que a vida é uma via de duas mãos, cuidar e ser cuidada, ajudar e ser ajudada. Receber e retribuir.

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