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Risada patológica, como a do Coringa, existe? Neurologistas explicam

O descontrole das emoções, rir ou chorar compulsivamente sem motivo, acontece quando uma área do cérebro é afetada.

Por Daniella Grinbergas
Atualizado em 15 jan 2020, 09h02 - Publicado em 6 out 2019, 17h09

Icônica, a risada do Coringa está no ar com a estreia do filme nos cinemas. E, no longa, a gargalhada é reforçada como uma condição patológica do personagem. Em momentos de crise de riso, ele entrega às pessoas um cartão no qual explica que, por conta de um problema de saúde, não consegue controlar a risada.

Em entrevista à revista italiana Il Venerdì, do jornal La Repubblica, o ator Joaquin Phoenix, que interpreta o vilão, comentou que para criar a gargalhada emblemática, pesquisou sobre pessoas que sofrem de afeto pseudobulbar e riem descontroladamente. Sim, isso é real! Para entender melhor essa condição, conversamos com neurologistas que explicam que não se trata exatamente de uma doença. Entenda:

O que é o afeto pseudobulbar?

Também chamado de labilidade emocional, não se trata de uma doença em si, mas de um sintoma decorrente de uma doença primária. “Lesões cerebrais, AVC, ELA, falta de oxigenação no cérebro, doenças neurodegenerativas, qualquer fato que tenha causado uma perda de tecido cerebral em algumas partes do córtex frontal – que modula as áreas mais profundas das emoções – pode provocar um descontrole irreversível”, atesta Glauco Filellini, neurologista do Hospital São Luiz Morumbi.

Os especialistas reforçam que não é uma doença psiquiátrica, é uma condição física mesmo. “A pessoa começa a gargalhar, mas não quer dizer nem que ela esteja feliz. Ou ela chora compulsivamente, mas sem estar triste. Não há uma relação com o status emocional dela naquele instante. Há uma perda do sincronismo do que está acontecendo emocionalmente com a mímica facial da emoção”, diz o neurologista Saulo Nader.

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Tudo acontece de repente, totalmente fora de contexto e a pessoa não é capaz de parar porque a área cerebral que controlaria isso está afetada. “Esses episódios costumam ser constrangedores do ponto de vista social, porque ela pode ter um ataque de riso no meio de uma reunião séria”, exemplifica o dr. Saulo.

E ele reforça que pessoas saudáveis não estão propensas a ter o afeto pseudobulbar. “Ele necessariamente vem com uma condição neurológica por trás ou um grande trauma na cabeça e, mesmo assim, em uma porcentagem bem baixa dos casos”, diz.

No filme, uma cena deixa claro que o Coringa sofreu uma lesão grave na cabeça quando era criança. O ferimento poderia ter gerado essa condição, mas não podemos cravar que o problema dele seja exatamente esse – até porque a construção do personagem tem um apelo psiquiátrico fortíssimo.

O agravante é que o afeto pseudobulbar não tem cura, já que não é possível reparar as áreas do cérebro que foram destruídas. “O que fazemos é usar medicamentos sintomáticos que ajudam a melhorar o comportamento do paciente”, explica o dr. Glauco.

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