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O esgotamento causado pelas videochamadas tem nome: Zoom Fatigue

As reuniões online se tornaram essenciais na pandemia, mas geram cansaço e exaustão

Por Esmeralda Santos (colaboradora)
Atualizado em 5 jul 2020, 11h25 - Publicado em 5 jul 2020, 10h00

Com a chegada da pandemia, o home office se tornou uma realidade na vida de muitas pessoas que, até então, estavam acostumadas ao escritório. Logo, os encontros que antes aconteciam nas salas de reunião, foram substituídos pelas intermináveis vídeo chamadas.

Michelle Scarasati, 34 anos, é jornalista e coordenadora institucional da UNIDAS – União Nacional das Instituições de Autogestão em Saúde, em São Paulo, e começou a perceber que se sentia cansada psicologicamente depois de um mês trabalhando de casa.

“Comecei a fazer home office no dia 13 de março. Minha rotina está muito mais pesada porque tenho um bebê de um ano e dois meses. Meu maior desafio é conciliar maternidade, trabalho e as tarefas da casa”, explica ela.

Quando o isolamento começou, Michele acreditou que duraria pouco tempo. Mas os números de casos e mortes causadas pelo novo coronavírus continuavam subindo, levando boa parte da população a um isolamento de quase 4 meses.

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Em apenas um mês trabalhando em casa, Michele se percebeu mais cansada. Fazendo cerca de 3 vídeos conferencias por dia que duram entre 2 a 3 horas, os sintomas começaram a aparecer rapidamente. “Tive uma queda brusca de cabelo, com falhas gigantes, e emagrecimento”, conta.

Segundo a psicóloga Marilene Kehdi, o esgotamento acontece porque a comunicação por videochamada exige um nível maior de atenção dos participantes pela falta de elementos não verbais que estão presentes em uma conversa presencial. “São elementos que adicionam sentido às palavras, como os gestos que complementam o significado do que está sendo falado”, explica Marilene.

“Antes de fazer sucessivas chamadas por vídeo, é importante analisar se o assunto pode ser resolvido por e-mail, ou áudio ou uma mensagem de texto. Isso ajuda a evitar o desgaste com as reuniões por videochamada”, argumenta a psicóloga.

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A maquiadora Gabrieli Brizona, 26 anos, de Piracicaba, também tem sentido os efeitos desse esgotamento. Ela acabou por trocar o dia pela noite, tendo que fazer as gravações de suas aulas durante a madrugada, enquanto todos dormem.

“Faço mentoria para maquiadores, conteúdo para as redes sociais e um curso on-line. Sou mãe de uma menina de 2 anos e meio, quando chega a noite que preciso trabalhar, estou sem energia”, conta Gabrieli.

Suas reuniões acontecem três vezes por semana, tendo um horário a mais para o suporte para suas alunas do curso de maquiagem. Assim como a jornalista Micheli, Gabrieli sentiu os efeitos do cansaço dentro de um mês. “Eu não dormia bem, tive insônia e me senti muito mais cansada. Tive crises de ansiedade e enxaqueca quase que o tempo inteiro”.

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(LeoPatrizi/Getty Images)

O que explica o esgotamento

Segundo o psicólogo André Novaes “a sensação de desgaste passa a ser muito maior, mesmo não havendo o deslocamento da residência até o local de trabalho. Passamos então a sentir uma exaustão provocada pelo aumento de estímulos gerados por uma tela de computador, que faz com que nosso cérebro gaste muito mais energia para fazer a captação e interpretação de tudo que é necessário durante os encontros virtuais”.

Essa exaustão já ganhou um nome: Zoom Fatigue, que faz referência à plataforma usada com frequência para realizar os encontros online. André ressalta que a luz emitida pelas telas faz com que pisquemos menos, podendo gerar ressecamento e irritação nos olhos, associados a dores de cabeça e até mesmo musculares.

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Toda e qualquer mudança brusca na rotina pode ocasionar alterações emocionais, que precisam de atenção. André explica que a exposição prolongada estimula novas áreas do cérebro com mais frequência do que antes. “Somos seres sociais, pessoalmente não observamos apenas a fala ou o tom de voz da pessoa, mas naturalmente nosso cérebro faz toda uma leitura de comportamentos não verbais como respiração, olhares e até mesmo a linguagem corporal”.

Segundo o psicólogo, esses fatores s facilitam a vivência e a compreensão, gerando um gasto energético menor. Com a ausência desta possibilidade de leitura, aumenta o esforço do nosso cérebro para decodificar tudo que pode haver num contato gerado por uma reunião. “A própria luz emitida pela tela do computador e as múltiplas imagens das pessoas participantes da reunião, acabam por gerar a Zoom Fatigue“, esclarece André.

A qualidade ruim das chamadas também é uma condição que pode gerar desgaste, já que o cérebro terá um esforço maior para entender o que foi dito enquanto acontece uma distorção de imagem ou áudio.

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Como diminuir os efeitos negativos das videochamadas

Uma boa estratégia são as ligações por telefone, que acabaram caindo em desuso com a chegada dos aplicativos de mensagens. As ligações podem estimular mais a audição e forçar menos a visão, que é um dos principais canais para a exaustão. Segundo André, não existe uma receita específica que funcione para todos, mas é importante estipular limites no uso dessas ferramentas.

“A cada 2 horas de reunião tente ficar pelo menos 10 minutos sem trabalhar na frente do computador para que seu cérebro possa ter um período de repouso”, instrui o psicólogo. “Fazer a reunião utilizando o aplicativo mas com a câmera desativada. Isso ajuda a reduzir o esforço do cérebro para interpretar o que está acontecendo do outro lado da telinha, promovendo uma estimulação menos exaustiva”, completa.

A psicóloga Marilene Kehdi dá orientações parecidas: “Reservar alguns momentos do dia para distrair a mente e mudar o foco, descansar os olhos tirando-os da frente do computador e do celular, assim a rotina se torna mais produtiva e menos estressante”. Praticar exercícios (já que eles ajudam na produção de serotonina e endorfina) e ter uma boa rotina de sono são outras duas dicas dos especialistas.

Em tempos de isolamento, não se cobre tanto a ser produtiva:

 

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