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Como a pílula do dia seguinte age no corpo

Você já parou para pensar como é a ação desse método contraceptivo de emergência no organismo da mulher?

Por Gabriela Kimura
Atualizado em 12 abr 2024, 09h49 - Publicado em 26 abr 2016, 13h02

A primeira versão do medicamento de contracepção de emergência chegou ao Brasil em julho de 1999, quase 40 anos após o surgimento da primeira pílula anticoncepcional oral. Quando esse remédio chegou ao mundo, na década de 1960, vinha com o nome de Enovid, composta por 150mg estrogênio sintético e 9,85mg de um derivado de progesterona. Dentre as mais utilizadas hoje em dia, a dosagem gira em torno de 30mg e 0,1mg – cinco vezes menor do que a primeira lançada.

E a pílula do dia seguinte, forma pela qual é conhecida o contraceptivo de emergência, é uma versão diferente dessas. Como o próprio nome diz, sua ação é para casos excepcionais, sendo uma medicação que contém uma concentração mais alta de um sintético da progesterona, um hormônio bem importante para o ciclo menstrual da mulher. Aliás, você sabe como esse remédio age no seu corpo?

A ovulação

Juliana Mavalli
Juliana Mavalli ()

Antes de mais nada, é preciso compreender como funciona a ovulação. É um processo complexo do nosso organismo, mas dá para simplificar. Olha só:

Durante os primeiros sete dias do ciclo menstrual (considerando 28 dias), os folículos que ficam dentro do ovário começam a amadurecer, liberando o hormônio chamado estrogênio no sangue. Ele é o responsável por “preparar” a parede do útero para receber um possível óvulo fecundado. Dos folículos amadurecidos, apenas um continua nutrindo o óvulo que está se desenvolvendo dentro dele – os restantes são degenerados. Por volta do 14º dia, um hormônio luteinizante acelera esse processo, levando ao rompimento do óvulo maduro do ovário para as trompas (ou tubas uterinas). Entre 12 e 24 horas, este óvulo poderá ser fecundado por um espermatozoide, ainda na tuba. Se isso não ocorre, ele se dissolve e é eliminado junto com as paredes do útero, causando a menstruação.

Veja também: 5 métodos para saber quando ocorre a ovulação

A ação da pílula do dia seguinte

Juliana Mavalli
Juliana Mavalli ()

“As opções que existem atualmente no mercado são de levonogestrel, tanto em dose única (1,5mg) ou de duas tomadas (0,75mg), que é um tipo de progesterona sintética”, explica Bárbara Murayama, coordenadora da Clínica da Mulher do Hospital 9 de Julho. Dependendo do período do ciclo em que for ingerida, o contraceptivo pode ter diferentes efeitos. “Ela pode inibir ou apenas atrasar a ovulação. Isso acontece porque esse hormônio atrasa a movimentação das tubas, que é por onde o óvulo vai do ovário ao útero em encontro ao espermatozoide – e o espermatozoide vem do útero pela tuba ao encontro do óvulo. Com isso, ela também dificulta a penetração do espermatozoide no muco cervical, já que a progesterona altera a consistência do muco, tornando o ambiente hostil ao espermatozoide.”

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O muco cervical é um fator importante na fecundação (ou não) do óvulo, que reflete diretamente as variações hormonais. Tanto que, para quem usa anticoncepcional, a consistência já é diferente de que não usa. “O muco tem como uma de suas funções normais tornar a travessia do espermatozoide ao encontro do óvulo mais fácil. E em quem usa métodos hormonais, essa combinação deixa o muco mais espesso e dificulta o trânsito dos espermatozoides por ele”, elucida a médica.

Possíveis efeitos colaterais

De acordo com a médica, esses sintomas são comuns em quem faz uso do medicamento:

  • Tonturas;
  • Vômitos;
  • Enjôo;
  • Dor de cabeça;
  • Inchaço;
  • Dor nas mamas;
  • Irregularidade menstrual: a menstruação será adiantada quando se toma a PDS, sendo possível que, em alguns casos, a menstruação atrase ou o fluxo seja mais intenso. A regularização do ciclo pode levar alguns meses para se reorganizar.

Quando usar?

Ile Machado
Ile Machado ()

Em qualquer um dos casos listados pela médica, há a indicação de uso da PDS. Só é bom lembrar que a combinação de anticoncepcional contínua com ela pode ter efeitos colaterais bem ruins. “Se a mulher já faz uso de um anticoncepcional regular ela não precisa tomar a pílula do dia seguinte. Mas se esqueceu de tomar a pílula e não usou preservativo, pode ser indicado o uso de pílula de emergência. Mas é preciso falar com seu ginecologista para uma orientação individualizada.”   

  • Se você usa anticoncepcional exclusivamente de progesterona e atrasa a ingestão em mais de 12 horas;
  • Ou mais de duas semanas de atraso no injetável de acetato de medroxiprogesterona;
  • Se acontecer deslocamento, quebra, remoção precoce ou atraso da colocação de diafragma (ou capuz cervical), adesivo ou anel vaginal;
  • Se a camisinha estourou ou não foi bem colocada;
  • Expulsão de contracepção intra-uterina, os chamados DIU’s.

As contraindicações

A ginecologista alerta para que o uso seja feito de forma correta, com orientação médica para evitar problemas futuros. Se você tiver alguma das indicações abaixo, é melhor procurar seu/sua médico(a) antes de tomar a pílula.

  • Estar grávida ou com suspeita de gestação;
  • Usar medicações contra epilepsia ou antirretrovirais;
  • Para quem toma remédios para HIV, eles reduzem os efeitos hormonais do anticoncepcional, então é melhor conversar com um especialista antes;
  • Há estudos, ainda não conclusivos, que relacionam a eficácia da pílula em mulheres obesas (IMC acima de 30).

“A pílula do dia seguinte não deve ser usada sempre. Se a mulher está tendo relações desprotegidas com alta frequência, é porque tem indicação para usufruir de um método regular. É preciso agendar consulta com ginecologista para avaliação de qual seria o melhor método para ela. Tomar rotineiramente causa irregularidade menstrual, além dos outros sintomas, e se não está usando preservativo, dessa maneira também está exposta às DST’s“, aconselha a médica.

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Veja também: As 24 perguntas que os ginecologistas mais escutam

Relação com a fertilidade

Juliana Mavalli
Juliana Mavalli ()

Parte do grande debate sobre o uso desse tipo de contraceptivo não está centrado no simples fato de colocar um hormônio sintético (ou mais hormônios) no corpo da mulher – está em considerá-lo um método abortivo. “O levonorgestrel não interrompe uma gravidez já existente, ele apenas dificulta a fecundação”, afirma Bárbara.

Mesmo utilizando o método, ainda há a possibilidade de engravidar. “Quanto mais próximo do dia da ovulação, menor a chance da pílula ter o efeito esperado. Outro ponto relevante é quanto tempo após a relação sexual ela tomou a pílula de emergência: quanto mais longe, menor a eficácia. Por isso, métodos regulares tem maior chance de proteger a mulher de uma gestação indesejada e ainda não causam irregularidade menstrual”, pontua a coordenadora.

Por mais que funciona em um caso isolado de qualquer uma das indicações mencionadas, a pílula do dia seguinte não afeta diretamente a fertilidade feminina. “Ela também pode causar irregularidade do ciclo por alguns meses, o que dificulta a fecundação, mas não causa infertilidade em longo prazo. Nosso ciclo tem a primeira fase, que começa no primeiro dia da menstruação e termina antes da ovulação. Depois da ovulação vem a segunda fase, que acaba com a menstruação quando não acontece a gestação. Quando tomamos uma dose alta de progesterona capaz de impedir ou retardar a ovulação, como é o caso da pílula de emergência, atrapalhamos toda a sequência normal”, afirma Bárbara.

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