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Trombose por anticoncepcional: “É raro, mas aconteceu comigo”

Isabella Marinelli, 22 anos, repórter de CLAUDIA, sofreu uma trombose relacionada ao uso de pílula anticoncepcional. Você assumiria esse risco?

Por Naiara Magalhães (colaboradora)
Atualizado em 16 jul 2017, 21h55 - Publicado em 26 ago 2015, 17h28

Repórter de CLAUDIA, a estudante de jornalismo Isabella Marinelli, 22 anos, começou a tomar pílula em novembro de 2014. Em março do ano seguinte, sentiu uma dor de cabeça intensa, que não cedia com nenhum analgésico que tinha em casa. No quarto dia, com o sofrimento beirando o insuportável, foi ao pronto-socorro e, de lá, direto para a UTI, com um diagnóstico de trombose venosa cerebral. Os exames realizados até então não indicaram nenhuma alteração em fatores que poderiam ter provocado o quadro, mas os médicos apontaram a pílula como responsável por desencadear o problema. A universitária passou 18 dias no hospital. Ainda hoje, cinco meses depois, toma um anticoagulante diário e faz exames semanais para verificar se a dosagem do medicamento é suficiente para prevenir novos coágulos. O tratamento também continua: Isabella se consulta todos os meses com um neurologista e mantém a investigação para descobrir outras possíveis predisposições. “Ouvi dos especialistas que pulei uma fogueira e saí ilesa”, diz Isabella. “Agora, eu me sentiria desrespeitada se um médico dissesse para mim: `É raro, fica tranquila.’ É raro, mas aconteceu comigo. Tenho sorte por não ter deixado sequelas”.

Os números assustam: por ano, a cada 10 mil mulheres, perto de uma dúzia tem problemas ligados ao uso desse anticoncepcional – segundo uma ampla revisão de estudos realizada em 2013 pela Agência Europeia de Medicamentos. Apesar de não serem frequentes, os problemas, quando ocorrem, podem ser graves ou fatais, sobretudo em quem tem predisposição genética ou hábitos inadequados. Poucas mulheres estão cientes. Muitas vezes, os próprios ginecologistas deixam de fazer perguntas ou pedir exames necessários e prescrevem o comprimido a pacientes para as quais outro método seria mais indicado. É sobre essa falta de informação que precisamos falar.

Onde mora o perigo

Os contraceptivos orais combinados contêm, além da progesterona, estrógeno, hormônio que pode aumentar os fatores de coagulação ao mesmo tempo que reduz seus inibidores naturais, levando a um estado de coagulação excessiva. Embora apresentem baixa dosagem de estrógeno, as pílulas de nova geração, surpreendentemente, são mais associadas a riscos do que as antigas. No caso delas, é o tipo de progesterona usado que modula as alterações provocadas pelo outro hormônio.

 Quem tem mais predisposição a sofrer as consequências?

•    Mulheres que fumam
•    Mulheres que não fazem exercício
•    Mulheres que estão acima do peso
•    Mulheres que sofrem de hipertensão, diabetes ou enxaqueca
•    Quem tem histórico familiar da doença (Ocorrência de embolia pulmonar, acidente vascular cerebral/AVC, infarto e outras doenças cardiovasculares na família, especialmente entre os jovens e saudáveis são sinais de que pode haver um problema de coagulação hereditário).

Qual é a alternativa às pessoas que se encaixam nos itens acima?

A existência do histórico familiar de trombose basta para o ginecologista indicar um método contraceptivo não hormonal ou, ao menos, sem estrógeno. As pílulas compostas exclusivamente de progesterona apresentam risco muito menor de complicações com a circulação. Não são prescritas rotineiramente porque costumam causar escapes de sangue ao longo do ciclo e não oferecem benefícios como redução da TPM e da oleosidade da pele. Além disso, demandam maior cautela: segundo Marta Finotti, ginecologista e presidente da comissão de anticoncepção da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), a pílula só de progesterona é um pouco menos segura para evitar a gravidez e requer uso mais rigoroso em termos de horário. O índice de falha é de 3% no uso perfeito e de 14% no típico (com alguns esquecimentos), enquanto o da pílula combinada é de 0,3% e 9%, respectivamente.

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O outro lado

Além de sua importantíssima função anticoncepcional, a pílula acumula outros benefícios. Protege contra câncer nos ovários e diminui o risco de câncer do endométrio. Com ela, a intensidade e a progressão da endometriose são menores e é possível tratar cistos de ovário, anemia, acne, cólica e TPM. Uma revisão de 45 estudos epidemiológicos envolvendo 110 mil mulheres, publicada no Lancet, jornal de medicina britânico, estimou que até hoje o uso da pílula preveniu cerca de 200 mil casos de câncer ovariano e 100 mil mortes decorrentes dele.

Para cada mulher, um método

Ninguém melhor que o seu médico para decidir qual o melhor contraceptivo para você, de acordo com suas queixas e histórico familiar. Mas existem vários métodos. E saber de que forma você pode se beneficiar com cada um deles, pode render, no mínimo, boas conversas no consultório (e uma escolha mais consciente!).

3 perguntas que você deve fazer ao seu médico na hora de escolher seu método contraceptivo:

  1. Quais exames devem ser feitos antes de iniciar a contracepção?
  2. Quais são as contraindicações para este método? E os efeitos colaterais, existem?
  3. Em caso de complicações, quais sintomas merecem o alerta?

 

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