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Encante-se com o carisma da blogueira mais velha do mundo, com 103 anos

"O maior desafio do ser humano é superar seu próprio medo", disse a sueca sueca Dagny Carlsson, que carrega consigo 103 anos de história

Por Redação CLAUDIA
Atualizado em 16 out 2016, 01h33 - Publicado em 1 abr 2016, 19h01
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  • Ela nasceu em 1912, no mesmo ano em que o Titanic afundou, como fez questão de lembrar. A sueca Dagny Carlsson carrega consigo seus 103 anos de história – duas guerras mundiais e a invenção da televisão, e o título da blogueira mais velha do mundo. E pasmem, o site criado por ela quando completou um centenário de existência faz um sucesso estrondoso com mais de 1 milhão e 400 mil acessos. Sua história começou quando, aos 93 anos, assustou-se ao conhecer um computador de perto, o aparelho era da sua irmã mais nova, que tinha na época 85 anos. Mas por ainda não existir, em meados de 2005, cursos de informática para a terceira idade, foi necessária muita persistência da sua parte para que ela começasse a deslanchar. E não é que foi exatamente isso que aconteceu? Dagny se informou, e assim que criaram uma oficina, ela se inscreveu e então passou a ser instrutora. “A professora não conseguia acreditar nos próprios ouvidos, quando disse a ela que tinha 99 anos”, contou ela à BBC Brasil.

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    O único problema que a senhorinha possui é uma certa dificuldade para ouvir, o que a faz usar um discreto aparelho de audição. Ela, que prefere ser chamada pelo apelido “Bojan”, permanece perspicaz e ágil – capaz de contaminar a todos com sua vontade de viver. Os óculos também são seus companheiros na hora da leitura. É a própria sueca que cozinha, lava as roupas, organiza a casa e vai às compras em uma caminhada de aproximadamente 15 minutos. Necessita da ajuda de uma funcionária que vai até a sua casa uma vez por mês para fazer uma limpeza pesada. “Enquanto puder, vou continuar a cozinhar minha própria comida. Porque sei que vou gostar do que vou comer. E só como husmanskost,” disse ela que prepara apenas variações de pratos tradicionais da cozinha sueca, que geralmente levam carnes com molhos cremosos, batatas e peixes.

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    Reprodução/BBC
    Reprodução/BBC ()

    Bojan vive no apartamento de 99 metros quadrados há pouco mais de três décadas, mora sozinha depois que seu marido Harry faleceu em 2004 aos 91 anos. Ela não teve filhos, mas seus dois sobrinhos – de 70 e 65 anos – sempre a visitam.  Além da sala de estar, cozinha, quarto e sala de jantar, a ampla casa de Dagny possui um escritório – e é lá que as coisas acontecem. Neste cômodo está o computador e não é à toa que ela é o lugar em que pais passa o seu tempo: “É aqui que eu passo várias horas por dia, escrevendo. Há muitos assuntos para falar.” Talvez a receita para tanto vigor esteja nos “bons genes” de sua família, mas ela assegurou que não é apenas isso: “Acho que o motivo principal é manter a curiosidade pela vida. As pessoas ficam velhas quando param de ter curiosidade sobre as coisas. Então, se depender de mim o blog não vai ser a última coisa nova que eu vou experimentar na vida. Por falar nisso, acabei de comprar um iPad”. 

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    Quem vê a força e o interesse da idosa hoje não vai dizer jamais que um dia ela já teve uma auto-estima muito baixa: “A maioria das crianças era assim. Naquela época, os pequenos tinham que ser criaturas obedientes e silenciosas, e não podiam achar que eram grande coisa. E era difícil para todos conseguirem estudar”. Essa dificuldade se concentrava na falta de oportunidades daqueles que não tinham condições financeiras: “Estudar custava caro. O ensino básico era gratuito, mas quem quisesse continuar os estudos tinha que pagar do próprio bolso. Hoje, os estudantes recebem subsídios do governo para estudar gratuitamente, até o fim da universidade”, comenta Dagny, que embora desejasse ser escritora, acabou fazendo sua carreira como funcionária pública.

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    Reprodução/BBC
    Reprodução/BBC ()

    Personagem de um documentário lançado recentemente por uma emissora pública sueca sobre os obstáculos da maturidade, a idosa posta diariamente em seu blog sobre vários assuntos, entre as pautas estão cenas do seu cotidiano e suas viagens de trem à cidades suecas. “Os idosos não são tão estúpidos como a sociedade pensa. É preciso mudar esse conceito. As pessoas mais velhas são tratadas, em geral, ou como se fossem crianças, ou como se fossem idiotas. Dizem aos idosos, ‘você não entende isso’, ‘meu velhinho’ e coisas assim. Eu digo que os idosos merecem mais respeito”, desabafou Dagny.

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    Descrita em seu site como: “uma idosa determinada, que gosta de quase tudo. Pode ser uma ópera, mas também pode ser só um papo sobre coisas divertidas ou difíceis. Prefiro as coisas divertidas. As pessoas dizem que eu tenho humor, e que sou bastante franca”, o maior objetivo de Bojan é empoderar os idosos: “Porque os idosos são muito calados em nossa sociedade, e porque quando falam, ninguém se importa com o que dizem. Só se importam com o que eu digo porque me tornei famosa”, confessou ela ao mostrar o prêmio “Idosa do Ano” e um troféu que ganhou de um canal de televisão sueca. 

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    Reprodução/BBC
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    Sobre a morte Dagny é bem direta: “Não, não estou minimamente interessada na morte. Também não faz sentido nenhum ter medo da morte, já que ela é inevitável. Tenho medo é de guerra. Já vi duas guerras mundiais. E veja só o que está acontecendo na Síria.” Em uma de suas postagens, ela deu talvez uma das suas mensagens mais inspiradoras: “Sou incrivelmente velha, mas não me sinto velha. Quero ser tratada como qualquer pessoa. Não como um fóssil. Com certeza, há muitas pessoas como eu. Deveríamos ir para as ruas e protestar alto, como fazem os jovens, e exigir que as pessoas nos ouçam. Desafio todos os idosos: sejam mais assertivos!” E finaliza: “O maior desafio do ser humano é superar seu próprio medo.”

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