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“Quero a minha vida de volta”, pede figurinista Su Tonani

Figurinista assediada por José Mayer publica novo artigo em que explica o que de fato aconteceu após sua denúncia contra o ator global

Por Maria Beatriz Melero Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 5 Maio 2017, 15h02 - Publicado em 5 Maio 2017, 15h00

“Não, eu não fui amante de José Mayer (…) Eu fui vítima de assédio sexual. E agora estou sendo vítima novamente. Das especulações que colocam dúvidas sobre a minha dor. E me fazem revivê-la”, com essas afirmações a figurinista Susllem Tonani, 28 anos, voltou a desabafar, nesta sexta-feira (5), sobre o assédio vivido nos estúdios da Rede Globo.

Em seu novo texto publicado no blog #AGORAÉQUESÃOELAS, do jornal Folha de S. Paulo, a ex-figurinista da emissora explica o que de fato aconteceu após sua denúncia contra o ator global e desmente os boatos que surgiram após seu relato no mesmo espaço.

Saída da Globo

Na época, foi levantada a hipótese de que Su teria sido demitida pela empresa devido a repercussão do caso e o assunto movimentou as redes sociais.

“Declaro que não fiz acordo com nenhuma parte envolvida e muito menos recebi algum dinheiro. Não fui demitida da Rede Globo. O meu contrato, como o previsto, se encerrou com o final da novela”, escreveu a figurinista.

A denúncia ao público e à polícia

A denúncia de Su aconteceu em 31 de março, depois de ser assediada por Zé Mayer ao longo de oito meses. Sem ter mais alternativas para denunciar seu agressor, a figurinista utilizou o blog feminista como ferramenta para expor a violência a qual vinha sendo submetida. A decisão, contudo, foi carregada de temores pelo julgamento do público.

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“Mas não pensem que foi uma decisão trivial. Ela foi recheada de medo. Sabe por que dá tanto medo de delatar um abuso? Porque nossa cultura machista culpa a mulher, a vítima, pela violência vivenciada. É isso que corre as redes. É o que passa pelo boca a boca (…) A história da mulher sedutora, agora passional e vingativa. Da mulher que mereceu. Da amante rejeitada (…) Essa é a história que o mundo machista gosta de contar. E que nos acostumamos a aceitar como versão mais plausível. Saiba: essa prática nos desempodera. Nos revitimiza. E neste momento é como me sinto. Me sinto vítima novamente.”

O sentimento de ser vítima, novamente, é o que incomoda Susllem. Dessa vez, a agressão, para a figurinista, vem do machismo que tenta enfraquecer sua denúncia e a sororidade vista pelas mulheres que lhe apoiaram em seu momento de dor. “Cada vez que o conteúdo que questiona minhas razões é compartilhado, não sou só eu que estou sendo subjugada. Toda vítima está sendo coagida. Reprimida. Oprimida. Todas as que ainda não se manifestaram, em qualquer contexto, no país todo, duvida de si. E cogita seguir calada.”

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Uma das reclamações feitas por Su em seu novo relato foi a pressão sofrida para que ela denunciasse o ator a polícia para que seu relato de março fosse válido. Em CLAUDIA contamos que o caso de Susllem não pode ser levado a julgamento porque quando a figurinista foi procurada pelo delegado, ela não quis prestar queixa, de acordo com a 32ª Delegacia de Polícia do Rio de Janeiro.

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Declaro que não retirei queixa contra José Mayer pelo simples fato de que nunca a fiz (…) Dentre as intimações que recebi do delegado havia a informação de que eu estaria cometendo crime de desobediência por não depor. Como se neste tipo de crime a decisão de abrir um inquérito é exclusiva da vitima? Se eu assim quisesse, o ideal não seria uma delegadA? Temos as delegacia de atendimento às mulheres para isso, não?! (…) Quantas vezes terei de pedir para respeitarem o meu não? E quantas não se identificarão tristemente e optarão pelo silêncio ao ver o escrutínio sob o qual me vejo agora? (…) Estimulo sim, todas as mulheres a levarem seus casos às autoridades, demandarem a devida atenção e buscarem a aplicação da lei. Mas acredito que obtive a justiça que queria e me sinto contemplada.”

Voz e silêncio

Para Su, seu primeiro relato e denúncia de assédio teve como principal objetivo buscar justiça pela violência que havia sofrido e incentivar outras mulheres a fazer o mesmo. “Como já vimos acontecer com o #PrimeiroAssédio. Foi como se meu grito tivesse acordado a dor de outras. Foi como se o meu grito tivesse se tornado o de todas nós. Isso empodera. Mas assusta. O meu objetivo ao expor a minha história foi sair da invisibilidade, romper o silenciamento imposto.”

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Contudo, se sua história pode servir para dar voz a outras mulheres que sofrem assédios diariamente em seu ambiente de trabalho, tudo o que ela pede é que respeitem seu silêncio. “Sou apenas uma profissional, que cansada de ser desrespeitada, lutou pelo que acredita. Por que incomodou tanto o meu silêncio pós-relato? (…) O silêncio. É o que eu quero. Não o silenciamento coercitivo. O silêncio que eu escolho. A minha vida de volta (…) E essas mentiras ferem, não só a mim, mas a todas as mulheres que batalham por sua voz.”

Ponto final

Por fim, Susllem acredita que com o artigo encerra sua participação no assunto iniciado em março de 2017 e põe um ponto final nesta narrativa que se arrasta há, pelo menos, um mês.

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“A minha história é a história de uma mulher jovem que não aceitou o assédio de um homem com mais poder que ela. Neste caso, o ator rico e famoso. O Brasil não está acostumado a lidar com este tipo de história. Eu sei. Mas não barateiem a minha história. Até porque ela é de muitas de nós (…) Reservo a mim o direito de encerrar esse assunto. Chego ao final da minha jornada. Estou no limite da minha capacidade emocional de seguir na linha de frente dessa luta. Peço que respeitem os meus limites, violados anteriormente, quando tudo isso começou. Outras podem assumir a frente dessa luta. E eu me comprometo a sempre apoiá-las, assim como fui apoiada por tantas.”

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