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“Existe uma grande pressão social sobre as mães”, diz Emily Blunt

A atriz Emily Blunt fala sobre seu personagem em A Garota no Trem, que estreia nessa quinta-feira (27), e a maternidade

Por Mariane Morisawa
Atualizado em 27 out 2016, 16h34 - Publicado em 27 out 2016, 16h23

A Garota no Trem foi o grande alvoroço literário do ano passado. Tal qual Cinquenta Tons de Cinza, levou milhares de mulheres às livrarias. O enredo, entretanto, era bem diferente: um suspenso de roer as unhas. A autora Paula Hawkins conta a história de Rachel, uma mulher deprimida e alcoólatra, que se separa do marido Tom (Justin Theroux) e sai de casa. Todos os dias, a mulher de olheiras profundas e cabelos ensebados pega um trem do subúrbio para Nova York, onde trabalha.

No caminho, observa a vida dos outros pela janela. Só que, um dia, Rachel se torna a testemunha de crime através das janelas. O papel nas telonas é da britânica Emily Blunt, 33 anos. Você deve se lembrar de Emily lá de trás, quando ela interpretou a mal-humorada assistente de Meryl Streep em O Diabo Veste Prada. Agora, ela se prepara para levar ao mundo sua versão de Rachel. No dia do encontro com CLAUDIA, ela já não se parecia em nada com a personagem. Com os cabelos pintados de loiro, pele deslumbrante e em um belíssimo vestido azul e verde Michael Kors, falou sobre as dificuldades do papel. Aproveitou também para contar sobre a filha recém-nascida Violet e da mais velha, Hazel, 2 anos, ambas do casamento com o ator e diretor John Krasinski.

Veja a seguir:

Você encontrou alguma semelhança com Rachel?
Sim! Eu também fazia longos trajetos para ir à escola, pegava um ônibus e tinha uma imaginação poderosa. Observava os outros passageiros e imaginava suas vidas, de onde vinham, por que tinham aquela aparência. Também imaginava como eram quando crianças. Então entendo minha personagem, as tendências voyeurísticas. Espero não ter chegado ao nível pouco saudável de Rachel, que vive por meio dessas pessoas. Mas acho que todos desejamos espiar o que está atrás de portas fechadas e ver o que não deveríamos.

Rachel é obcecada com a perfeição. Ela idealiza o casal que vê pela janela do trem. Você acha que essa é a falsa sensação de perfeição que Hollywood cria também?
Sim, a perfeição é impossível. As imagens que são divulgadas por Hollywood e os atores… Eu entendo a razão, é mais legal ter uma imagem minha num vestido bonito, com maquiagem e cabelo feitos. Mas essas imagens de perfeição e sucesso são espalhadas pelas redes sociais e viram moeda. O mais importante é a sua aparência, seu sucesso, se é engraçada, se sua descrição é engraçada, quantos “likes” você tem…

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Você faz isso?
Não. Redes sociais não são para mim. Não que tenha problemas com quem faz, mas eu seria péssima. Não sou boa com tecnologia, me esqueço de ligar de volta para as pessoas, imagine tuitar sobre meu dia de forma breve e esperta. Não seria boa nisso.

A autora do livro, Paula Hawkins, deu uma entrevista dizendo que achava que você era bonita demais para o papel, o que é uma boa acusação…
Acho que você deveria ver o filme antes de achar que estou bonita demais (risos).

Você não fez teste, fez?
Não. Eles me convidaram. Fiquei ao mesmo tempo lisonjeada e um pouco preocupada – “Emily Blunt é perfeita para fazer uma alcoólatra desmemoriada!”. Mas, sobre a fala da Paula, ela fez uma brincadeira. Agora virou esse exagero, o que é um pouco chato. Mas quando assistirem ao filme não vão ficar preocupados se estou bonita.

Como se sentiu ao ver o filme?
É sempre desconcertante se ver na tela grande, especialmente num papel tão sombrio e atormentado. É quase como ver outra pessoa.

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A maternidade também é um tema que aparece muito forte no filme. Você sentiu isso?
São três perspectivas diferentes. Acredito que todas as mulheres podem se relacionar de uma maneira ou de outra. A maternidade é uma coisa estranha. Existe uma grande pressão social sobre as mães e um duplo padrão para os pais. Lembra-se da história da criança que caiu na jaula do gorila no zoológico? Houve tanto ódio direcionado à mãe, só que o pai também estava presente quando aconteceu. E, no entanto, a culpa era da mãe: a mãe que não deveria ser mãe. É uma imagem clara da pressão que as mulheres sofrem no campo minado que é criar filhos. As mulheres muitas vezes precisam ficar na defensiva sobre suas escolhas. Todo o mundo acha que seu jeito é o certo. É muito pessoal e íntimo ter filhos e como se escolhe educá-los. Cada um sabe o que é melhor para si. É preciso ser mais generoso com os outros.

Você estava grávida quando rodava o filme. A história do filme é muito deprimente. Como foi viver nesse mundo de Rachel?
Eu encontrei maneiras de entrar e sair desse mundo. Estava muito comprometida e focada nas cenas, mas nunca fui um daqueles atores que se torturam. Minha volta para casa à noite era longa, então eu meditava e ouvia música. Tinha uma criança pequena em casa que não tinha a menor ideia se eu tinha interpretado bem uma alcoólatra naquele dia. Violet não tinha o menor interesse nisso. Você não ouve falar de atrizes que usam “o método” e ficam no personagem o tempo inteiro, não é? Porque normalmente não temos essa escolha.

Acredita que o filme tem uma mensagem feminista? Essas mulheres têm falhas, estão destruídas, mas lutando…
Sim. É muito bom ver as mulheres apresentadas com suas falhas, sem estarem num idílio feminino. Elas não são necessariamente agradáveis ou espertas ou bonitas ou compreensivas. Elas têm falhas. Fazem coisas erradas. Porque a vida é assim, e esse é um retrato mais humano das mulheres. Mas é raro no cinema.

Rachel é muito insegura, não confia em si mesma. Sentiu-se assim alguma vez em sua carreira?
Toda vez que começo um filme. Esse sentimento me toma cada vez que eu chego ao set pela primeira vez: “Não sei como fazer. Será que estou fazendo certo?”. Mas vou e faço.

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