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O final de Game of Thrones foi totalmente “juntos e shallow now”

Depois de tantas escolhas desastrosas no roteiro, nossas expectativas já eram baixas, mas o desfecho conseguiu se superar no quesito decepção.

Por Júlia Warken
Atualizado em 15 jan 2020, 17h40 - Publicado em 20 Maio 2019, 12h22

O final de “Game of Thrones” finalmente aconteceu e o sentimento dos fãs é bem parecido com aquele que tivemos ao ouvir o refrão de “Juntos”, da Paula Fernandes: nossas expectativas já eram bem baixas, mas, caramba, hein! Se superou no quesito decepção.

Por mais que GoT seja uma das séries mais amadas de todos os tempos, a oitava temporada tornou-se uma sucessão inacreditável de erros – e ninguém estava realmente esperando um desfecho louvável. Depois que Arya Stark matou o Rei da Noite, a trama basicamente desceu ladeira a baixo.

Para início de conversa, a forma como Daenerys acabou tornando-se a “rainha louca” foi completamente preguiçosa e não condiz com toda a trajetória da personagem. A mãe dos dragões sempre disse que tomaria o trono com “fogo e sangue”, usando o jargão da casa Targaryen, mas ela jamais mostrou-se tirana, jamais foi conivente com a morte de inocentes.

O discurso de Tyrion para convencer Jon Snow de que Dany deveria ser morta foi outro artifício totalmente preguiçoso do roteiro de David Benioff e D.B. Weiss, as mentes responsáveis por adaptar a obra de George R. R. Martin para as telas. Tyrion basicamente disse que Daenerys sempre gostou de matar pessoas, mas antes seus alvos eram homens perversos, então era fácil estar do lado dela. Agora que a rainha estava mostrando “sua verdadeira face”, ela deveria ser eliminada.

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Oi? Sim, Daenerys matou homens tiranos e, ao mesmo tempo, mostrou-se totalmente piedosa com pessoas inocentes. Ela foi capaz de trancar seus próprios dragões numa masmorra para que eles não fizessem mal às pessoas, também mostrou-se contrária à carnificina dos duelos em arenas e ela até decidiu que os lordes escravocratas de Meereen mereciam ser enterrados por seus familiares, depois que o filho de um deles fez esse pedido. Isso tudo depois de libertar milhares de escravos.

Mostrar a personagem tocando fogo em inocentes foi uma grande incoerência e, na verdade, esse acontecimento veio na sequência de um outro momento 100% incoerente da trama: por que cargas d’água Cersei se renderia na batalha contra Daenerys? Para poupar o povo que ela tanto odiava? Para poupar seu exército de mercenários? Por achar que, com a rendição, Daenerys simplesmente diria “Valeu, Cersei, você foi show. Pode ir pras Ilhas de Ferro viver com seu boy e não aparece mais aqui em Porto Real, ok? Beijos”. 

De tão bizarro que foi twist vilanesco de Daenerys, muita gente nem reparou que a rendição de Cersei também não faz nenhum sentido, frente à construção minuciosa feita em torno da personagem. Depois de termos conhecido Cersei à fundo ao longo de sete temporadas e meia, a gente sabe que ela jamais tocaria aquele sino. Ao ver que a guerra estava perdida, Cersei provavelmente fugiria e deixaria seu exército lutando para enfraquecer fisicamente os aliados da rival.

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A rendição da vilã foi apenas mais uma escolha absurdamente preguiçosa dos roteiristas, a fim de encontrar uma maneira de transformar Daenerys numa tirana lunática.

Bom, mas voltando ao episódio derradeiro, o discurso de Tyrion sobre Daenerys foi péssimo e, quando a gente pensava que aquela cena já era ruim o suficiente, eis que o personagem nos brinda com outra pérola: a ideia de nomear Bran como rei. “O que une a todos nós? Boas histórias”. What? Não víamos uma tentativa de “twist poético” tão piegas desde que Anne Hathaway profetizou que só o amor ultrapassa as barreiras do tempo e do espaço, em “Interstelar”.

E o que era pra ser A REVIRAVOLTA – nem Daenerys e nem Jon no Trono de Ferro – acabou sendo um desfecho absolutamente morno e desinteressante. Parabéns, nota zero.

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Além disso, faz sentido que um membro da família Stark assuma o trono depois que os Starks emanciparam o Norte e que, consequentemente, a família não faz mais parte dos reinos de Westeros? Nomea-lo de “Bran, o Quebrado” anula o fato de ele ser um Stark? Fica essa importante questão.

Aliás, em meio a tudo isso, a ascendência Targaryen de Jon serviu para o que mesmo? Nadinha. Depois que essa revelação veio à tona, David Benioff e D.B. Weiss claramente não souberam o que fazer com ela. 

Quer mais incoerência? Então vamos lá: quando é que Drogon iria deixar impune o homem que matou sua mãe? Nunquinha.

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Muito poético ele ter destruído o Trono de Ferro, mas certamente o dragão teria transformado Jon em churrasquinho também. E, dessa forma, a morte dele seria uma solução para que nem Dany e nem Jon ficassem no poder. Muito mais convincente do que simplesmente esquecer que Jon era o verdadeiro herdeiro do trono, não?

E, ok, digamos que o bicho não seja assim tão inteligente a ponto de saber que foi Jon quem matou Dany. Quando é que os Imaculados e, especialmente, os ferozes Dothraki, deixariam o assassino de sua rainha ficar vivo? Nunquinha [2]. Eles iam tocar o terror no que restou de Porto Real. A vida dessa galera era literalmente resumida em seguir Daenerys e dar a vida por ela.

O roteiro foi afrontoso com a inteligência dos fãs, mas ao menos Drogon e Daenerys protagonizaram a imagem mais deslumbrante do episódio: o momento em que as asas do dragão aparecem atrás de Dany e, por um instante, parece que ela ganhou asas. Visualmente impecável!

https://twitter.com/larhyka/status/1130310463575736325

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E no hall dos desfechos decepcionantes: o que foi aquela cena da Brienne escrevendo sobre Jaime? A nossa guerreira merecia muito mais do que isso. Dar um final digno a ela foi uma baita chance desperdiçada de agradar um pouquinho os fãs de “Game of Thrones”, afinal, ela é a coadjuvante mais amada da série.

Já não bastava ter mostrado Brienne como a mulher desiludida no amor, naquela patética cena da despedida entre ela e Jaime? Tinha que mostrá-la magoada e ressentida novamente? E a troco de quê? Uma cena inútil e decepcionante para coroar a morte absolutamente pobre de Jaime e Cersei. Parabéns, nota zero [2].

Quanto ao destino das garotas Stark, pode-se dizer que esse foi basicamente o único ponto da trama que agradou os fãs. Sansa tornou-se rainha do Norte e Arya resolveu aventurar-se numa jornada para descobrir lugares do mundo que ainda não estão nos mapas. Infelizmente, o bom final das irmãs não anula a sucessão de erros que acabou colocando GoT na amarga lista das grandes séries com péssimos desfechos.

Descanse em paz, “Game of Thrones”.

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