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O sucesso do fracasso: “Perder é devastador, mas é a maior motivação para a nova tentativa”

Colunista Cynthia de Almeida explica como o fracasso profissional pode ser fonte de angústia mas também uma alavanca de criatividade

Por Cynthia de Almeida
Atualizado em 31 out 2016, 11h31 - Publicado em 4 Maio 2015, 05h31

Você assistiria a um dia de conferências com relatos impactantes de profissionais qualificados sobre como eles… fracassaram? Pois esse tipo de evento não só existe como fez tal sucesso (ops!) e atraiu tantos interessados em ouvir e compartilhar histórias que já até se banalizou em sua região de origem, o Vale do Silício, na Califórnia, a meca do mundo digital. Ali, falhar virou a norma: de 70% a 80% das empresas digitais recém-criadas não vão para a frente. Chega a ser recomendável ter adversidades no currículo – fala-se em “fracassar com inteligência” antes e alcançar o sucesso depois.

O processo de errar e tentar de novo não é invenção ou privilégio dos gênios da tecnologia. Mas o fato de o fracasso ser de certa forma cultuado em um dos lugares onde mais se ganha dinheiro no planeta (nove das dez empresas mais valiosas do mundo são de tecnologia) ajuda a desmistificar o estigma do “perdedor”, que paralisa não só quem se arrisca em grandes empreitadas mas todos nós, nos menores ou maiores passos.

Recém-lançado no Brasil, O Poder do Fracasso – Como a Capacidade de Enfrentar Adversidades e Se Superar É Fundamental para o Sucesso, da crítica de arte americana Sarah Lewis (Sextante), lança um olhar generoso sobre o tema via análise da obra e da vida de músicos, roteiristas, cientistas, exploradores, esportistas. O que Lewis oferece é uma outra definição de fracasso – ou quase sucesso, como ela chama. O livro mostra como a insatisfação com o resultado do próprio trabalho pode ser fonte de angústia mas também uma alavanca de criatividade. “A busca da maestria é um ‘quase’ contínuo e permanente”, diz a autora, que estudou esse sentimento no comportamento de mestres como Michelangelo e Duke Ellington. A obra feita nunca era boa, era “quase”. A grande realização estaria na próxima. E então na outra, e assim por diante. O “quase lá” também tem um efeito intenso na vida dos esportistas que ficam em segundo lugar. Perder por pouco pode ser devastador, mas geralmente é a maior motivação para a nova tentativa.

O lado perverso do fracasso, porém, não estaria em nós, mas no julgamento do nosso trabalho pelos outros com base em uma métrica a que nos rendemos quase sem pensar. Um experimento de neurociência realizado nos anos 1950 comprova que tendemos a abandonar nossas opiniões quando percebemos que são diferentes das da maioria. Muitos projetos “quase” vitoriosos morrem aí.

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Num dos capítulos mais interessantes do livro, a autora conta os bastidores da Black List, a lista negra dos roteiros rejeitados por Hollywood, que foram resgatados e incluídos em uma lista paralela por profissionais da própria indústria via e-mails anônimos. Ela se tornou uma fonte preciosa para produtores que arriscaram fugir da receita clássica do sucesso e adivinhe: viraram produções aplaudidas e premiadas (até com o Oscar). Filmes como O Discurso do Rei, Juno e A Garota Ideal saíram dessa lista de “fracassos”.

“Superar a rejeição demanda o que alguns denominam tenacidade e outros chamam de fé, mas decerto requer mais coragem do que talvez pareça à primeira vista”, escreve Lewis. Segundo ela, no momento em que encaramos a rejeição como uma semente de autorregeneração, nossa realidade se transforma. “Da mesma forma que o número zero, o fracasso será sempre o símbolo do nada e o início do infinito”, diz ela. Vamos zerar nossos medos de fracassar? 

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