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Dani DaMata conta TUDO o que você precisa saber sobre make para pele negra

A criadora da primeira escola de maquiagem para pele negra do Brasil ensina como acertar no tom da base e conta porque representatividade (ainda) importa.

Por Ketlyn Araujo
Atualizado em 16 jan 2020, 00h08 - Publicado em 18 fev 2019, 17h02

Se você nunca ouviu falar sobre Daniele DaMata, também conhecida por aí como Afrocruela, é bom guardar este nome com carinho. Além de expert em pele negra, a maquiadora e empresária é dona de uma bonita (e importante!) trajetória no mundo da beleza, e a grande responsável pela criação da Damata Make Up, a primeira escola online de maquiagem para pele negra do Brasil.

Dani teve seu primeiro contato com a indústria de cosméticos ainda aos 15 anos, ao conseguir um estágio em uma fábrica de terceirização. Ela, que começou a trabalhar em uma função das mais mecânicas, tampando batons, manteigas de cacau e outros produtos, acabou passando por todos os setores da fábrica, até chegar no setor químico – na época, comandado por Levi Neves, um homem negro que ensinou a ela como funcionava o desenvolvimento dos produtos, enquanto ela ficava encarregada de cuidar do controle de qualidade e das matérias-primas.

Ao MdeMulher, ela – que foi a profissional escolhida neste ano pela Avon para assinar a beleza das candidatas do evento Noite da Beleza Negra, patrocinado pela marca – fala com exclusividade sobre a evolução na carreira, dá dicas espertas de make e, claro, destaca a importância da representatividade negra em um mercado que aos poucos está se democratizando, mas ainda tem muito para evoluir.

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Trajetória

“Apesar de lidar com cosméticos no dia a dia, a maquiagem era algo muito distante pra mim. Foi aí que resolvi fazer o meu primeiro curso de maquiagem profissional, para poder pagar a faculdade [de direito]. Minha primeira cliente foi uma menina de pele retinta, superescura, e eu não tinha produto para a pele dela.

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Na fábrica eu já vinha percebendo isso, porque desenvolviam produtos para peles muito claras. Eu não via diversidade nessa época. Nesse meio tempo eu comecei a estudar sobre empreendedorismo, e vi que para ter uma empresa você precisava ter conhecimento sobre o seu produto e entender que existe uma demanda do mercado. Peguei essas duas informações e criei a DaMata, a minha escola de maquiagem para pele negra. Sempre gostei de ensinar, e depois de um tempo a escola começou a ser itinerante.

Viajei para muitos estados, dando aulas e palestras sobre pele negra junto com a Michelle Fernandes, da Boutique de Krioula, que ensinava sobre turbantes. Nós unimos essas duas potências da estética negra para empoderar e deixar essas meninas ainda mais bonitas.

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Foi uma experiência ótima, mas quando fui para Salvador eu entendi que o que eu estava vendo no mercado geral não tinha nada a ver com a verdadeira realidade negra das mulheres brasileiras. A partir disso decidi criar o projeto Negras do Brasil. A ideia era juntar afroempreendedores de cada cidade, junto com o curso que eu já dava. Foi quando em 2016 a Avon entrou como parceira nesse projeto no estado de São Paulo e foi uma experiência muito legal, porque a gente via que a dificuldade que nós tínhamos em termos de maquiagem não era só sobre produto, era também sobre técnica – pois não adiantava ter o melhor produto se você não tinha técnica para aplicá-lo.

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Era uma necessidade que virou paixão e é o que mantém a DaMata viva. Além das aulas, hoje dou consultoria para desenvolver produtos para marcas também”.

Pele negra x pele não-negra: principais diferenças

“Socialmente falando, o atendimento do mercado não é direcionado e as tendências não são ditadas por mulheres negras. Isso deixa muito mais difícil o acesso de produtos e representatividade. Da parte técnica, óbvio que temos a diferenciação da melanina, mas também há outros fatores como a oleosidade da pele, as sombras e a pigmentação, o que cria uma maior variação de subtons e tonalidades diferentes”.

E as manchas?

“A pele negra é a que mais absorve a luz solar, por isso a dica é ter um bom protetor. Além da exposição ao sol, também existem vários fatores hormonais, doenças que são específicas de pele negra e alta concentração de melanina que fazem a nossa pele ser mais suscetível a ter manchas. É complicado porque as manchas não ficam na cor marrom ou avermelhada e depois somem, elas ficam pretas, em uma pigmentação muito mais difícil para tratar com ácido, por exemplo. Então, fora a proteção solar, é sempre bom evitar qualquer lesão no rosto”.

Para não errar na hora de escolher a base (e nem o corretivo!)

“Eu falo que a cor do nosso colo é que manda na escolha. É sempre legal perceber a tonalidade do seu colo, pois sempre há uma variação de sub tons entre ele e rosto – geralmente o rosto é um pouco mais claro. Mas a gente não testa diretamente no colo. Passe a base no rosto, entre o queixo e o pescoço, e veja se a base desaparece de fato entre essas regiões, é isso que vai dar uniformidade.

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Outra dica de ouro também é ter um bom corretivo para neutralizar manchas – de olheiras, de acne. Para as peles mais retintas e médias, que são as mais escuras, o laranja é o que melhor neutraliza as manchas pretas. Para as meninas negras de pele clara, é melhor usar um corretivo ocre”.

Cores-coringa de batons 

“Além de um bom batom vermelho, vale investir em um de cor marrom, que é o que mais vai se aproximar da nossa pele, é o nosso nude! E, escolhendo um colorido, vale um batom preto! É importante colocar uma cor que não está no nosso olhar, você se vê diferente”.

Quando o assunto é skincare…

“Eu sou a rainha do skincare! Sou viciada, faço todos os 8 passos [inspirados na rotina coreana de cuidados]! Para mim, o item indispensável é o tônico, pois ele ajuda neutralizar o pH natural da pele e no controle da oleosidade, deixando a pele mais sedosa para a maquiagem. E eu também sempre um tenho protetor solar com hidratante, o que já facilita muito esse cuidado no dia a dia. E beba água! O fato da pele negra ser mais oleosa muda a textura da pele. E quanto mais água a gente bebe mais diferente fica essa textura”.

Referências de beleza negra do 

“A Lupita Nyong’o colocou as mulheres retintas no mapa. É uma mulher muito importante quando a gente fala de maquiagem, e ela é uma referência para mim.

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🖤💎 #SAGAwards #BlackPanther Credits: @lancomeofficial, @verawanggang, @judithleiberny, @rogervivier, @messikajewelry

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Outra que é uma ótima referência é a Taís Araújo, pois a tonalidade de pele dela é muito próxima à de várias mulheres negras no Brasil. É uma mulher que tem uma visibilidade enorme e sempre uso ela como exemplo nas minhas aulas.

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#MakeDoPop . . . 👗 @ritalazzarotti 💄 @everson_rocha_ 💇🏾‍♀ @maiaboitrago

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E a última, que eu amo as maquiagens, adoro o maquiador dela, é a Oprah. Ela sempre está impecável e é uma mulher extremamente importante quando a gente fala de representatividade no mercado”.

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If you're only gonna read 1 book this month. Read this one. @ShakaSenghor …. #WritingMyWrongs. Sharing copies with friends.

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Por que representatividade (ainda) importa?

“Nós, maquiadores, precisamos entender os traços das mulheres negras, e não mudá-los. A questão da aceitação pode ser meio banal para algumas pessoas, mas é um processo. Eu odiei por muito tempo o meu nariz, minha boca, minha cor e meu cabelo. Entender que aquilo era bonito demorou também. Então é um trabalho árduo, que a gente precisa fazer todo dia, pois a nossa beleza tem que ser respeitada da forma que ela é.

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♋😊🦀

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Nas minhas aulas de maquiagem para pele negra percebi que elas também são um momento em que as mulheres encontram outras mulheres que são parecidas e que têm as mesmas dúvidas que elas. Esse contato é importante para elas se escutarem, e até mesmo para entenderem as suas tonalidades. As mulheres negras precisam se olhar. E em grupo é o único momento que elas estão fazendo isso além de se verem no espelho, em casa, sozinhas.

Essa sensação cria um aconchego, um ambiente seguro para ela entender junto com outras mulheres não só a sua beleza, mas todas as questões raciais que ela passou. Quando a gente fala que representatividade importa, ela importa demais, porque isso pode sim mudar todo o pensamento de uma geração”.

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