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Você faz sexo com todos os sentidos?

Mulheres que não enxergam ou escutam fazem sexo da mesma forma das que veem e ouvem? Fomos descobrir as diferenças e acredite: seu sexo pode ficar muito melhor inspirando-se nelas!

Por Carol Patrocínio (colaborador)
Atualizado em 21 jan 2020, 11h30 - Publicado em 15 abr 2016, 14h13

Existem diversos manuais que garantem um sexo melhor e um orgasmo inesquecível. Entre os truques estão vendar os olhos, tampar os ouvidos, não usar as mãos… mas será que o sexo é influenciado quando uma pessoa perde a visão ou a audição de verdade?

A professora Leticia* nasceu com uma pequena perda auditiva que progride lentamente, então os aparelhos vão ficando mais modernos e acompanhando o desgaste, mas nem sempre foi tudo lindo: “Sempre dependi muito da leitura labial. Durante muitos anos da adolescência perdia a conversa dos amigos, não me encaixava no jogo da sedução de sussurrar e tinha um certo pavor de ter alguém falando na minha orelha (porque eram esses momentos que ficava um apagão da conversa). Acabava que eu só me saía bem nos ambientes muito ruidosos das baladas porque aí todo mundo tinha que gritar e para mim estava tudo certo.”

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Com a psicóloga Jaqueline não foi diferente. Ela nasceu com glaucoma congênito e a partir do primeiro mês de vida passou por cirurgias e tratamentos que faz até hoje. “A gente não pode investir um strip tease, um pole dance, comprar uma lingerie… aí sim a gente depende mais do toque, porque tem que ser uma renda, algo tátil”.

Muitos caras fugiram da Leticia simplesmente porque ela não ouvia, como se isso fosse mudar tudo no sexo. “Tem muito preconceito. Já vivi situações de ver pessoas se afastarem de mim quando contava que usava aparelhos auditivos”. Leticia conta que já aconteceu de um cara sussurrar ao seu ouvido, e, quando ela pedia para que ele falasse de frente, ele dizer que ia buscar uma bebida e simplesmente sumir. “Muitas vezes eu ficava brava, mas depois comecei a entender isso como sinal de imaturidade, então passava a falar logo de cara pra ver a reação da pessoa”. Ela conta que rolava um estresse enorme porque os caras estavam acostumados com o o padrão, e não conseguiam achar sexy ter que falar alto quando se aprende a sussurrar umas sacanagens na hora do sexo.

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Depois de um tempo, ela descobriu que não queria viver esse padrão. “Se o cara começava falar muito eu desligava os aparelhos auditivos e criava outra fantasia para gozar e acelerar o final do sexo. Tenho que tirar alguma vantagem disso”, diz, rindo Hoje, com aparelhos auditivos que conectam via Bluetooth com telefone, TV e computador, a vida dela tem pouca diferença daquela de quem não usa aparelho, mas ela decidiu que gosta mesmo é “do toque, do beijo, e nada de muita falação. Nem gente que grita.”

Já Jaqueline diz que se sentiria insegura ao se relacionar com um homem que enxergasse. “Eu ia ficar insegura em ter que me preocupar com coisas que não me preocupo com um homem que também não enxerga, como estrias, celulites e a outras coisas do meu corpo”.

Para viver essa boa fase Letícia encontrou um companheiro que é completamente “adaptado”, como ela diz.”Como nos conhecemos num momento mais maduro (ambos estavamos em processo de separação do primeiro casamento) já fomos logo de cara falando nossas preferências na cama e somos super ajustados quanto a isso. Ele já, inclusive, pediu que eu fosse pra cama com ele sem os aparelhos, ele queria que eu contasse como me sinto sem ouvir nada. Compartilhamos totalmente as experiencias”. Ficou curiosa para saber como é isso? Letícia contou que você fica mais relaxada porque consegue ignorar tudo – telefone, filhos, barulhos na rua – e é uma entrega total para o sexo.

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“É bem diferente no sentido de percepção. Para nós é sempre sobre o toque. A gente investe mais no beijo, no toque, no cheiro… Em uma coisa além do visual. A diferença não é só no sexo. O namorado cego vai perceber uns detalhes que enxergando não perceberia. Como um corte de cabelo, uma sobrancelha. Normalmente o cego percebe no tato”, diz Jaqueline.

Ela acredita que o homem, em geral, está muito focado na penetração, em gozar e fazer gozar, só que o percurso que o homem que não enxerga escolhe é bem diferente dos outros. “O toque, essas preliminares, auxiliam bastante no orgasmo. O casal acaba desenvolvendo uma sintonia maior, não fica naquela coisa monótona de enxergar e fazer o sexo. Acaba se conhecendo melhor, descobrindo partes do corpo que dão prazer”

A dica dela para quem enxerga e gostou da ideia de ter mais preliminares é levar isso para a vida e deixar os estímulos visuais em segundo plano. “Normalmente o homem não se deixa ser tocado – a não ser nas partes intimas -, mas eu acho que eles gostam tanto de carinho quanto a mulher. Uma massagem, um toque diferente, um beijo… Isso pode deixar as preliminares bem melhores do que só investir na aparência. Nada melhor que beijo. Beijo em qualquer lugar do corpo é bem-vindo”.

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Vamos tentar?

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